Conheci o Konrad através do Mitfahrgelegenheit, aquele site para divisão de despesas de gasolina para a viagem entre Dortmund e Berlin. Ele viveu a maioria de sua vida no Equador e preferia falar espanhol a inglês (e mesmo alemão). Era o tipo de cara que curte aproveitar a vida e era muito gente boa. O que era para apenas ser uma carona acabou esticando para uma hospedagem em sua casa.
Ele tinha algo para fazer naquela noite e depois planejava
encontrar um amigo num bar, encontro no qual eu seria bem vindo. Neste ínterim,
aproveitei para fazer algum passeio na cidade. Ele me deixou em frente ao
Reichstag, o parlamento alemão, um prédio com um significado histórico imenso.
Aliás, tudo em Berlim tem grande significado histórico, é uma cidade onde a
história do mundo moderno foi definida e cada detalhe serve para lembrar do
terror, desgraça, esperança e alegria pela qual aquela cidade e o povo alemão
sofreu durante o século 20.
Reichstag
O Portão de Brandemburgo
De lá caminhei para o Portão de Brandemburgo, uma construção
monumental que abre o caminho para a avenida Unter den Linden (Por baixo das
Tílias), a rua principal de Berlim e que carrega esse nome pois por anos haviam
árvores de Tílias plantadas naquele local, na segunda guerra mundial, todas
elas foram cortadas e só foram replantadas na década de 50.
De lá, segui para o bar onde encontraria o Konrad, tomamos
algumas cervejas e seguimos, para uma balada. A noite foi divertidíssima e deu
para sentir o porquê de todos os alemães que conheci dizerem que Berlim é a
cidade mais divertida da Alemanha. Conheci vários brasileiros que estavam à
passeio, e quando digo vários é porque eram vários mesmo, tipo uns 10 e não
estavam juntos, é o Brasil dominando o mundo. Em especial conheci a Nara uma
mineira louca viajando a Berlim com uma amiga e com quem dei muitas risadas.
No dia seguinte saí para comer com o Konrad e despedi-me
dele para encontrar a Debbie em um encontro do CouchSurfing. Foi o primeiro
encontro que participei, e não gostei. Era uma povo bastante negativo que
apenas ficava lá falando mal de pessoas que eu não conhecia. E isso refletia a
personalidade da Debbie, uma pessoa que eu senti antipatia imediata, são raras
as pessoas que isso acontece.
No dia seguinte eu resolvi sair para conhecer mais de
Berlin, e a Debbie resolveu vir comigo...
Fomos ao museu Topographie
des Terror, o nome por si só já diz muito do que encontrei por lá. Uma rica
e completa documentação sobre a escalada do Nazismo ao poder que mostra que no
final das contas o povo alemão foi uma das principais vítimas do nazismo,
afinal, muito antes da Kristalnacht, quando se iniciou a perseguição aos
judeus, muitos alemães contrários ao regime foram perseguidos e mortos.
Antigas paredes do prédio central da SS
Ainda encontramos a placa de aviso que se está passando pela "fronteira"
Existem "soldados" americanos e russos para divertir os turistas
Quando andamos por Berlim, em vários momentos nos deparamos
com um detalhe diferente no calçamento e que se estende por quase toda a
cidade. Trata-se da marca deixada para se lembrar do Muro de Berlim, construído
pelos soviéticos para evitar a constante onda migratória do lado oriental (comunista)de
Berlim para o lado ocidental (capitalista), isso ocorria pois o lado
capitalista oferecia melhores condições de vida e salário, assim, muitas pessoas
iam de um lado para outro da cidade até que os soviéticos resolveram construir
um muro separando-os.
O Muro finalmente veio abaixo com a queda da União Soviética,
podendo-se encontrar trechos do muro espalhados pela cidade, o maior deles é a
East Galery, onde artistas do mundo inteiro decoraram o muro com pinturas
fantásticas.
Encontrei-me com a Debbie em seu apartamento mais tarde, de
onde sairíamos para uma noitada, ela convidou a Justine, uma francesa muito
bonitinha (como todas as francesas) que estava hospedada no quarto ao lado. A
Justine, inicialmente disse não, mas eu intervi e ela se compadeceu aceitando o
convite, de fato, eu não estava a fim de ir sozinho com a Debbie.
Fomos inicialmente a um bar junto com alguns amigos da
Debbie, o que incluía duas brasileiras (brasileiros dominando o mundo). A noite
foi bastante tranquila até aparecer um cara (pela cara de origem turca), bêbado
que convidou-nos para uma partida de Pebolim, joguei uma e cansei, em seguida a
Justine foi fazer dupla com esse cara e em determinado momento ele deu um tapa
na bunda dela, o que a deixou muito puta. Mais tarde o cara resolveu ficar na
nossa mesa, e deixando a todos muito incomodados, até chegar ao ponto onde
pediram para ele ir embora e eu ao tentar falar com ele, ele me ameaçou de dar
um soco, do nada. Depois dessa, ele foi embora, cuspindo na mesa para
despedir-se. A noite continuou tranquila, fiquei trocando várias experiências
com a Justine, que morava na Turquia e estava na Europa apenas para renovar o
visto.
No dia seguinte, mudei de casa, desta vez fui hospedado pela
Eva, uma francesa que vivia em Berlim com suas duas filhas e estava naquele
momento sendo visitada pelo marido que vivia em Paris. O mais interessante é
que a Eva falava português fluentemente, e eu adoro falar português com
estrangeiros. Fomos naquela tarde a um museu Gemäldegelerie, que valeu a visita
pela obra Amor Vincit Omnia (O amor
conquista tudo) de Caravaggio.
No dia seguinte segui a indicação da Eva e fui a um museu
que contava a história de Berlim com um destaque todo especial para o período
de guerra e o pós guerra, quando o muro foi construído. O ápice do museu é uma
visita a um Bunker construído durante a guerra fria para abrigar milhares de
pessoas em caso de um ataque nuclear. Toda a iluminação do local é eficiente em
transmitir toda a angústia e medo em ficar confinado em um ambiente subterrâneo.
De lá, despedi-me da Eva e de sua família e segui para a
estação Messe Nord, de onde saia o carro, novamente pelo Mitfahrgelegenheit
para Lübeck.
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