Existem várias opções de destinos na Bélgica, escolhi Gent como a primeira cidade baseado em dois detalhes. Primeiro, que um grande amigo meu no Brasil é belga e viveu
grande parte de sua vida em Gent, disse que era certamente um dos principais
pontos do país. Em segundo lugar, uma grande amiga, a Silvia, de Roma estava de
passagem pela Bélgica e estaria naqueles dias também em Gent, assim, a escolha
foi bastante fácil.
Cheguei relativamente tarde e sem saber onde dormiria
naquela noite, assim, encontrei um bar com internet, pedi uma cerveja (ritual
que se repetiria com frequência naquele país) e verifiquei respostas pelo
CouchSurfing. Eu havia recebido um convite da Magalie e fui ao seu encontro
naquela noite fria e chuvosa.
Renz Taverne, mal cheguei em Gent e já tinha o que dar risada!
Não senti uma conexão legal com ela, não tínhamos muito em
comum e, apesar de termos conversado bastante, percebia que a barreira entre as
nossas personalidades só aumentava. Ainda assim ela foi super gentil em
preparar um sanduíche de falafel enquanto eu preparava alguma bebida com Kiwi
para ela.
No dia seguinte, saí cedo para encontrar a Sílvia. Decidimos
por uma day trip para Brugges, uma cidade que fica a uns 30 minutos de Gent.
Foi ótimo reencontrar a Silvia e explorar a cidade em sua companhia, tínhamos muito
que colocar em dia em nossas conversas.
Mais tarde, voltamos para Gent e tentamos um restaurante de
sopas antes de ir tomar algumas cervejas. As opções na Bélgica são várias,
deliciosas e não muito caras. Bebi, por exemplo, a Delirium, uma cerveja
bastante especial que lá custa algo como R$ 7 e no Brasil a garrafa pode
facilmente chegar às centenas.
Seu voo saia para Berlim no dia seguinte, o que permitiu
algum passeio pela cidade antes de ela ir. Naquele dia me hospedei com o Nuno,
um português que trabalha em Gent e que de cara já percebi ser um cara muito
legal.
Antes de chegar à Bélgica, pedi ao Renz (meu amigo belga no
Brasil) para que avisasse alguns de seus amigos e com isso talvez ter alguém para fazer algo. Encontrei, desta forma, a Annelies, uma amiga de
longa data do Renz. Com ela, saboreei algumas outras excelentes cervejas ouvindo muitas histórias do Renz, a orelha dele deve ter ficado vermelha de tanto que falamos dele. Mas fora falar do Renz, trocamos várias experiências de viagem; na verdade eu já conhecera a Annelies em uma viajem que ela fizera ao Brasil, a Annelies foi a primeira mochileira que conheci, e aprendi um bocado com ela naquela tarde em São Paulo.
Frittes, nada mais tradicional!
Mais tarde, conheci sua família, que
possui uma confeitaria em uma vila perto de Brugges. Fui também, mais tarde, à uma fazenda de leite buscar alguns litros para serem usados nas receitas daquela noite, foi um dia muito
especial.
Voltei para Gent e, mais tarde, fui com o Nuno tomar algumas bebidas,
iniciamos em uma casa de licores que tinha uma bebida feita de laranja
deliciosa (um pouco cara também), em seguida no mesmo bar que eu tinha ido no
dia anterior com a Silvia, é um bar com uma atmosfera muito agradável e uma
carta de cervejas bastante respeitável, assim, pude completar a minha coleção
de diferentes cervejas.
Mais tarde, fomos a uma balada que prometia muito pouco mas
na qual acabou sendo muito divertida, especialmente pela companhia de outro
português amigo do Nuno. Já na entrada “tropeçou” em mim uma mulher mexicana já
na casa dos 40 anos e que não era lá muito bem dotada em suas beleza física.
Não ajudava ainda o fato de ela estar completamente bêbada e de estar muito
assanhada para cima de mim. Fiquei escapando dela e, por conta disso, ela me perseguiu por muitas horas na festa,
dei muita risada desta situação com os meus amigos.
No dia seguinte me despedi do Nuno e segui viagem para
Bruxelas, capital da Bélgica. Lá recebi o convite de um americano que falava
português, porém, por alguma falha de comunicação, não tive mais retorno dele.
Felizmente recebi a resposta da Virgínia e fui encontra-la no metrô próximo de
sua casa.
A Virginia era alemã de origem turca e trabalhava em
Bruxelas fazendo serviço voluntário em um restaurante, parte de uma associação
de educação infantil, cujo foco era, principalmente, filhos de imigrantes.
Acompanhei-a na manhã seguinte a esta associação e
trabalhamos pela manhã neste restaurante. O trabalho resumiu-se e a cortar
legumes, escrever no quadro (em francês) o cardápio do dia e a servir aos
clientes. Mais tarde seguimos à escola onde contava às crianças sobre as minhas
viagens e respondia a suas perguntas. Tentei segurar o riso ao conhecer um
garoto chamado Bilal.
Nevou naquela noite e foi a primeira vez que vi neve nevar,
já havia visto alguma derretendo nas montanhas da Suécia durante o verão e,
também, alguma nos alpes, mas caindo e deixando a paisagem toda branca, foi a
primeira vez. Após algumas horas, já estava tudo branco.
Na noite seguinte, fomos à uma balada, indicação de um amigo
da Virgínia. Não foi a minha preferida, estava muito lotado e quando saíamos
para tomar um ar sem cigarro, estava gelado demais. Ainda assim, foi possível
divertir-se um pouco.
No dia seguinte as garotas resolveram levar-me para um
passeio em Bruxelas, não fomos a muitos lugares, apenas estacionamos em um bar
para algumas cervejas e em algum kebab para uns lanches.
Na manha seguinte, continuamos com o passeio pela cidade,
fomos ao Atomium, uma estrutura gigante que lembra a estrutura atômica de um
cristal de ferro. O lugar é muito bonito. Encontramos uma amiga da Astrid, e
quando ela chegou, descobri que todas elas eram lésbicas, e o mais engraçado é
que essa possibilidade sequer tenha passado por minha cabeça nesses três dias
que estive com elas. Mais tarde nesse dia, mais neve, muita neve, grandes
flocos caiam do céu. O problema é que não estava frio o suficiente, então a
neve caia molhada e deixava o chão lamacento. Voltamos ao apartamento com uma
divertidíssima guerra de neve.
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