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O Algarve, a meca do Turismo Português

24 de novembro de 2012



Fomos deixados pela mãe da Teresa em um local de boa visibilidade e acesso, ou seja, um local perfeito para caronas. Não demorou e parou um carro trazendo um rapaz muito jovial e seu tímido filho. Demorou dias até colocarmos nossas malas enormes no bagageiro que estava abarrotado de brinquedos do filho, tinha bicicleta, patinete, bola de futebol e centenas de outras coisas. Isso levou-nos a refletir sobre o impacto de uma infância abastada, sobre como crianças que têm tudo passam a valorizar cada vez menos as pequenas coisas da vida e o mesmo serve para os adultos, mas com brinquedos maiores e mais caros. Era particularmente interessante o contraste que aquela dupla dentro do carro tinha para com aquela dupla que pedia caronas e que carregavam tudo o que tinham em suas costas.

Lagos é uma cidade que fica bastante agitada durante os dias de Verão, veem-se muitos tipos diferentes de turista sendo o mais predominante o de pessoas mais velhas e suas famílias. As ruas ficam praticamente desertas durante a tarde e se enchem à noite quando suas lindíssimas praias se esvaziam.
O número de pessoas é proporcional ao número de artistas de rua que encontramos. Só descobrimos isso, claro, depois de tocar por algumas boas horas e com pouquíssimo sucesso. Mais tarde foram mais pessoas, porém, entre tantos outros artistas, as pessoas prestam muito pouca atenção. A coisa só começou a melhorar quando incluímos um cartaz dizendo: “33 países visitados, faltam 20”, uma ideia que eu já havia tido em Lisboa.
 
O cartaz dá às pessoas um vislumbre daquilo que planejamos, mostra que não somos apenas mais uma dupla de músicos de rua que utiliza a música como um meio de sobrevivência, mas uma dupla de músicos viajantes cuja música é parte de um sonho. Nosso sucesso triplicou desta forma.
De Lagos fomos para Albufeira, uma cidade que serve de exemplo de como o turismo é danoso para a identidade de um local. É um local onde tudo é falso, tudo é feito para chamar a atenção de um turista ingênuo e consumista, que sai de lá sem ter a menor ideia do que é Portugal. Eles também nos adoraram, multidões juntavam-se para nos ouvir e deixar suas moedas. Ainda que não sejamos portugueses (eu sou brasileiro, a Teresa alemã), nós somos o que havia de mais português nas ruas de Albufeira com nossas músicas.
Não demorou e a polícia apareceu perguntando-nos sobre a licença que solicitamos uma semana antes e, até o momento (já fazem 2 meses), não recebemos qualquer resposta. Conclusão: tivemos que guardar as coisas e procurar acampamento mais cedo.
No dia seguinte fomos para Tavira, uma cidade muito mais agradável e interessante que, mesmo cheia de turistas, ainda nos permitia sentir que estávamos em Portugal.
Foi muito mais prazeroso tocar ali do que nas outras cidades. Mais pessoas paravam e tomavam o seu tempo para apreciar o nosso trabalho, e este retorno é muito mais valioso para nós do que o retorno financeiro.
 A segunda noite em Tavira foi mais calma, em primeiro lugar porque era domingo, em segundo porque havia um outro músico, de guitarra e voz. Ele até que era bom, mas demonstrava muita timidez, parecia que estava tocando para si próprio ignorando aqueles que o ouviam. De qualquer forma esses dois fatores influenciaram muito o retorno financeiro da noite.
O local onde acampamos, por pura coincidência, era bem próximo à estrada que queríamos tomar no dia seguinte com destino a Lagos. Escolhemos esta cidade por pura preguiça de pensar em outra que ficasse no caminho para Grândola.
 A cidade estava cheia como sempre, mas desta vez havia mais artistas de rua, o que nos dificultou encontrar algum lugar bom. Ficamos com o menos pior e tivemos resultados inexpressivos. O nosso lugar favorito das noites anteriores estava ocupado por um grupo de malabaristas inexperientes que utilizavam música para chamar a atenção que não conseguiam com o malabarismo.
Frustrados com os resultados que tivemos, decidimos pegar as nossas coisas e ir enfrentar os malabaristas, começamos a tocar, as pessoas começaram a gostar, foi um sucesso absoluto. Em determinado momento, um dos malabaristas veio nos parabenizar e se ofereceu para fazer alguns malabarismos enquanto tocávamos. Ele queria, na verdade, fazer a amizade necessária para o seu próximo passo, pedir permissão para o seu número, de repente nos tornamos os reis da rua.
No dia seguinte voltamos à Grândola para mais alguns dias de folga com a família da Teresa, uma segunda despedida para o que estava por vir, a nossa saída definitiva para a Ásia, mais nos próximos posts.

Uma nova parceira!

9 de agosto de 2012



Desembarquei no Aeroporto de Faro. Sim, estava novamente em Portugal, apenas dois meses depois de minha última visita, quando vim fazer um passaporte lusitano e acabei conhecendo a Teresa (cujo relato está aqui).

Depois daquela despedida, eu e a Teresa nos correspondemos quase que diariamente na qual foram surgindo planos cada vez mais ambiciosos de seguirmos viagens juntos. Assim, acabei postergando minha viagem à Ásia para mais uma viagem a Portugal com o objetivo de iniciar essa empreitada junto com ela.

O plano era ambicioso, pois incluía uma forma de nos auto-sustentar: com música de rua. A Teresa com seu talento e experiência ao violino e eu arranhando no violão, coisa que eu não fazia já há alguns anos.

Vou poupar o leitor dos detalhes do nosso reencontro e pular para a nossa primeira viagem juntos: uma aventura de três dias ao Porto, saindo de caronas de Lisboa.


Foi uma viagem muito mal planejada, visto que decidimos em um dia e saímos no outro. A ideia era fazer CouchSurfing, mas não encontramos nenhum anfitrião para nos hospedar. Assim, na primeira noite ficamos em um hostel e na segunda, fingindo-nos de peregrinos do caminho de Santiago, nos hospedamos na base do corpo de bombeiros. 



Apesar do fiasco que foi essa viagem, percebemos que tínhamos um alto grau de afinidade na estrada, e isso é importante para qualquer viagem de uma semana, ainda mais para uma de um ano.

O maior desafio a esta empreitada seria o fato de que a Teresa ainda não havia finalizado o curso de Farmácia na universidade, o que só ocorreria depois de um ano. Para essa viagem ocorrer, seria necessário interromper o curso e continuar após a viagem, e para isso, era primeiro necessário vencer o medo de nunca mais terminá-lo. E esse medo era também compartilhado pelos pais dela, pessoas incríveis.

O Andreas e a Rose vieram morar em Portugal após completar uma incrível jornada de bicicleta pelo mundo. Viajaram por 24 mil quilômetros pelos Estados Unidos, Oriente Médio e Austrália. Além de viajantes são também músicos e, com música nas ruas, financiaram anos e anos de viagens, daí que surgiu a inspiração para uma viagem como essa. Porém, ao invés de apenas bicicleta, seremos mais versáteis com relação ao meio de transporte, usando principalmente caronas, mas não nos restringiremos apenas a elas.

A minha relação com os pais da Teresa foi muito enriquecedora e intensa desde o começo, tentei absorver o máximo que pude de sua experiência de viagem e de vida. Fui integrado à família também na parte musical, tocando a Canon de Pachelbel na frente de centenas de pessoas. Graças a eles, minhas habilidades musicais cresceram exponencialmente.


Eu e Veronika, irmã da Teresa


Canon de Pachelbel

O vídeo:



Convivemos, eu e a Teresa pelos próximos quatro meses em Lisboa, enquanto ela finalizava o semestre na Universidade. Para passar o tempo, fiz um pouco de tudo e com graus variados de sucesso: projeto em Epidemiologia na Faculdade de Farmácia, música de rua e até me enveredar nas artes secretas da culinária.



Ao chegar o mês de Julho, começamos os procedimentos para que a Teresa pudesse tirar o visto Russo (eu como brasileiro não preciso), o que apesar do trabalho e custo alto, deu certo. Depois, enquanto a Teresa passava alguns dias no Alentejo com os pais, eu decidi fazer a minha própria viagem de bicicleta. Saí de Lisboa e fui pela costa oeste e sul até a fronteira com a Espanha. Uma viagem de uma semana, e 470 quilômetros.


Viajar de bicicleta era uma das últimas formas de viajar que me faltava conhecer e gostei muito da experiência com algumas ressalvas, porém: é um meio de viagem solitário, passamos o dia inteiro sem falar com ninguém e quando chega a noite, procuramos um local seguro e isolado para acampar. Por outro lado, cada quilômetro é uma conquista e poder dizer que conquistou algumas centenas deles é um motivo de grande orgulho.



Voltando da viagem, era a vez dos pais da Teresa tirarem alguns dias de férias e para isso precisavam que nós ficássemos cuidando de sua casa e animais. Assim, passamos as últimas semanas de Julho, eu e a Teresa cuidando da plantação de tomate, alperce, berinjela e morango, além das galinhas, gansos, peru e cabras. E entre todas estas atividades, procurávamos tempo para ensaiar algumas músicas para nossas performances de rua.



Tudo pronto para o nosso início de viagem: uma semana no Sul de Portugal entre caronas, acampamento e música. Mais no próximo post.

É Portugal Opah!!

22 de fevereiro de 2012


Essa é da primeira vez que fui, O Porto, mas a foto é tão legal que vai de novo

Desembarquei em Lisboa relativamente tarde, minha maior preocupação era com a Ana, do CouchSurfing, que me hospedaria. Após várias mensagens e ligações, cheguei ao seu apartamento no Cais do Sodré, uma vizinhança que eu já percebi ser bastante animada e bastante central. Conversamos pouco naquela noite, mas de cara percebi que a Ana era muito engraçada.

A Ana trabalhava como restauradora do patrimônio português, conversamos muito sobre a influência do Brasil na cultura portuguesa e fiquei feliz em saber que pelo menos as novelas não são mais tão frequentes; ela, porém, mostrava-se indignada com relação ao acordo ortográfico, ao qual se referia como a brasileirização oficial da língua portuguesa.

No dia seguinte, fui logo cedo tratar da minha documentação e com muita sorte consegui deixa-la pronta para o final daquele mesmo dia, e enquanto aguardava, marquei um encontro com o Fabrício, aquele maluco que conheci no Marrocos (mais aqui) e que vivia em Lisboa. Demos uma volta pelo bairro alto e depois pela Alfama.




Na sequência fui pegar o meu documento, que emoção! Apartir daquele momento eu era Português, e com isso, além da imediata vantagem de poder viver na Europa, eu poderia tirar o passaporte e com ele, entrar em vários países que são muito mais difíceis de entrar como brasileiro, entre eles, o Japão, o país número um da minha lista de desejos.

Voltei para o apartamento da Ana, de onde iríamos para uma balada. Iniciamos com algumas bebidas antes de sair e seguimos para um clube muito louco que ficava bem ao lado de sua casa. Foi conosco também a sua companheira de apartamento da Romênia, que era uma figura, muito divertida e desastrada, o que garantiu risadas a noite inteira.

No dia seguinte, o plano era acordar cedo para tirar o passaporte, mas isso não aconteceu, acordei bem tarde e fui tratar de tirar o passaporte que, devido ao horário, ficaria pronto apenas na segunda-feira, o que não seria um problema.

Marquei naquela tarde um encontro com a Sofia, minha prima da Ilha da Madeira, com a qual tomei um café. Ainda que não tenhamos superado aquela formalidade de recém-apresentados, temos muito em comum e a conversa fluía variada. O papo estava tão bom que saí atrasado para encontrar a Teresa, do CouchSurfing que me hospedaria naquela noite. Antes de encontra-la, corri para o apartamento da Ana para pegar minha bagagem, a Ana não estava e saí sem me despedir dela, uma pena, ainda mais por que dei um bolo na festa daquela noite.

Fui encontrar a Teresa na estação próxima de sua casa, já sabia que nos daríamos bem mesmo antes de encontrá-la, a lista de coisas que tínhamos em comum era numerosa, mas basta citar que ela estuda Farmácia e curte os mesmos estilos de música que eu. Quando nos encontramos, parecia que já nos conhecíamos dada a forma que conversávamos e interagíamos. Filha de um casal de aventureiros alemães, viajou de bicicleta por centenas de quilômetros quando tinha 12 anos acompanhada pelos pais, uma loucura.

Deixamos minha bagagem em seu apartamento e voltamos com pressa ao encontro de sua irmã na estação, iríamos na sequência para Sintra onde elas tocariam violino em um bar (sim, esqueci de citar que ela é violinista). Elas já pediam desculpas antecipadas pois tocariam sem ensaio, sem partituras e sem saber o que sairia. Apesar do aviso, a apresentação seguiu sublime, empurrada pela energia e empolgação do colega delas que tocava Violoncelo.

A banda

As irmãs Lemmer, Veronika e Teresa



Voltamos para o apartamento e ficamos de papo por altas horas até que o sono venceu.

Infelizmente minha estada com ela se resumiria àquela noite, pois no dia seguinte ela precisava voltar para o Alentejo onde ficaria estudando a semana para a prova de Química Farmacêutica (QF dos infernos). Na verdade, por pouco não fui com ela para o Alentejo, os pais dela eram o tipo de aventureiros com os quais se pode aprender lições valiosas. Ela também ficou tentada a seguir viagem comigo para Barcelona, que faríamos por HitchHiking mas, dada a prova, não iria rolar. Assim, não restava alternativa senão uma amarga despedida com a sensação de que ficou faltando algo.

Segui então para Estoril, onde fui hospedado pela Mimi, uma americana do CouchSurfing que vivia em Portugal trabalhando para uma família de ricaços brasileiros como educadora da filha deles, portadora de autismo.


Já de cara, percebi na sala da Mimi vários objetos relacionados ao Ayrton Senna. Ela era fã doente dele, e com ela assisti ao documentário de sua vida. Entendi por fim o motivo de toda a adoração pois eu, ainda criança na época em que ele morreu, mal lembrava das suas conquistas.

No dia seguinte, fui com a Mimi a uma churrascaria brasileira. A caminhada até Cascais foi marcada pela fome imensa, mas quando finalmente chegamos, eu me acabei com aquela maravilhosa refeição, cheia de pratos típicos como feijoada, pão de queijo e, claro, muita carne e coração de galinha, coisas que eu não comia desde que saí do Brasil há 9 meses.

No dia seguinte fui ao aeroporto pegar o meu passaporte (que emoção) e voltei correndo para Estoril para me despedir da Mimi, pegar minha bagagem e voltar para Lisboa. Estava super atrasado, mas não pude deixar de ir visitar um grande amigo, o Thomas, em seu restaurante. Foi uma pena que não pude dar muito mais do que um alô e um abraço, mas foi ótimo rever essa grande figura. Saí correndo para a rodoviária de onde peguei um ônibus para Barcelona, cidade que saia o meu voo de volta para a Suécia.

Neve na Espanha??

Foi uma viagem de 17 horas, estava destruído, mas foi legal encontrar a Marija, uma sérvia muito legal que conheci em Istambul (mais aqui) e com a qual continuava a me corresponder, ela topou me hospedar naqueles dias até o meu voo.

Como eu já conhecia muito de Barcelona, focamos a estada mais em comer, beber e descansar. Demos algumas caminhadas pela praia e encontramos também a Eva, a amiga que a acompanhava em Istambul. O momento mais surreal foi ter encontrado uma das Britânicas que conheci na Grécia com as quais viajei até a Itália (mais aqui e aqui).



No aeroporto, a surpresa, eu não poderia embarcar para a Suécia caso não tivesse uma passagem de volta comprada, isso porque eu estava usando o passaporte brasileiro, mostrei o ID Português, a atendente abriu um sorriso e, assim, segui viagem para a Suécia (a primeira vez que a cidadania portuguesa me foi útil).

Na estrada para o fim do mundo: Lagos e Sagres

1 de maio de 2011

O passeio de hoje começa em Lagos, a cidade maiorzinha que fica mais próxima do Cabo de São Vicente. Cheguei lá no dia anterior, vindo de Évora. Desci do ônibus, e fui abordado por um rapaz perguntando se precisava de hospedagem, como o preço era bom, e eu ainda teria que procurar por algo, acabei ficando com ele mesmo. O hostel era bem bonitinho e arrumado, saí de noite para conhecer a cidade e tirar algumas fotos.

Voltei logo pro Hostel pois o meu pé tava me matando.

Eu tinha duas bolhas recém tratadas, uma em cada dedinho. O tratamento é muito simples, pega-se uma agulha de costura, e linha. Passasse a agulha pela olha com a linha, entrando por um lado e saindo pelo outro. É importante deixar a linha lá. Depois de alguns dias, tira-se a linha e espera a bolha secar. Ao fim, você terá um lindo calo que não vira bolha tão cedo.

No dia seguinte acordei cedo, umas 6:30, precisava pegar o ônibus das 7:15 com destino a Sagres. A caminhada até a rodoviária foi traquila apesar do frio daquela manhã. o ônibus me deixou no centro de Sagres, e após perguntar para algumas pessoas, minha suspeita foi confirmada: a única maneira de chegar ao Cabo de São Vicente era caminhando. Algo em torno de 7 km, só tinha um porém... Com a minha mochila de uns 10 kg, nas costas, excelente.

Durante a caminhada, que legal: um arco-íris. Não demorou até eu me lembrar que arcos-íris aparecem pela dissipação da luz do sol em gotas de... Chuva! E o caminho ainda estava muito longo.
Ótimo momento para começar a pedir umas caronas. Ninguém parou. Andei, andei, andei até chegar em um lugar coberto, nesse momento eu já estava encharcado, mas poderia ficar pior.
A chuva enfraqueceu, e continuei. Tive o agradável encontro com o fotogênico caracol que abre o post enquanto já podia ver o farol de São Vicente. De fato, ele me serviu de consolo pois o caminho para ele era muito maior que o meu.
Depois de uma hora caminhando em baixo de chuva, com uma mala de 10 kg nas costas, cheguei ao farol e a chuva parou, ódio... Pelo menos a paisagem era línda:



O que são esses pontinhos pretos no alto do penhasco? Turistas!

Esse penhasco é o mesmo que aparece na foto de cima.

O Cabo de São Vicente era tido pelos romanos, como o último ponto a sudoeste e até o o século XV era considerado como o Fim do Mundo. Foi na cidade de Sagres que se iniciou, com o nobre Infante D. Henrique, a era das grandes navegações portuguesas, e muitas das embarcações que chegaram ao oriente e ao ocidente.
Foi do Cabo de São Vicente que eu, como muitos dos antigos navegantes, me despedia da bela pátria de Portugal, com a esperança de poder voltar um dia.

Os trajetos foram:
Évora para Lagos


Lagos para Sagres e Cabo de São Vicente


Sagres para Chiclana de la Frontera

Évora: das ruínas romanas à Capela dos Ossos

28 de abril de 2011


Cheguei em Évora por volta das 23h, tudo tranquilo, já havia reserado o Hostel, nada poderia dar errado, certo? Errado, o caminho para o Hostel não estava certo, o mapa também não. Já era meia noite e eu não encontrava o bendito Hostel.
O legal é que eu não tinha anotado o nome do hostel, achei uma pensão mais ou menos no local descrito, recepção vazia. Achei uma pousada cujo o dono conhecia o hostel que eu estava procurando, ficava do lado. Tocou a campainha de uma casa que não tinha qualquer aviso de ser uma pousada, uma janela abre e aparece o dono do hostel de pijamas... Entrei no quarto, havia lá um americano e um inglês. O inglês tinha acabado de chegar, bêbado como um gambá e ainda roncava como um porco. Ainda bem que comprei, antes de sair do Brasil, um tapa-ouvidos, praticamente deu um "Mute" no mundo, excelente.
No dia seguinte, o plano era conhecer toda a cidade e pegar o ônibus para o sul de Portugal antes das 9 horas, para isso, eu tinha que acordar no mínimo às 6 horas.
Peguei com o dono do Hostel, que apesar de sonolento foi bastante atencioso, um mapa com o roteiro medieval da cidade, e ele incluiu as duas principais atrações da cidade a Catedral da Sé (a terceira que visito em Portugal) e a Capela dos Ossos.
O roteiro é muito bem elaborado e detalhado, substitui facilmente qualquer guia. Seguindo pelo caminho, são descritos os principais destaques históricos, o que olhar e por onde seguir.
Exemplo são as casas construídas entre os arcos de um antigo aqueduto.

Ruínas de um templo romano datadas do século I, a construção foi dedicada à Augusto, o filho de Júlio César.

Por fim, já eram 9 horas, tarde demais para ir ao Sul de Portugal, o próximo ônibus era as 14h, resolvi aproveitar com calma a última e mais interessante parada do dia: a Capela dos Ossos.

O local, construído no século XVII por três monges, tinha a intenção de mostrar como a vida é transitória. Essa idéia já é explorada na entrada com a inscrição:
Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos

Entrada simpática não é?

Bem, se a intenção deles era fazer-nos respeitar um pouco mais a morte, em mim funcionou perfeitamente. Os documentos ali expostos dizem que os macabros monges precisaram esvaziar cemitérios de várias cidades vizinhas, utilizando um total estimado de 10 mil corpos. Os monges, mortos durante a invasão dos soldados de Napoleão, tiveram seus corpos sepultados nesta capela.
Fiquem com as fotos.










Amén