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Rush Travelling (Pt. 2): Rep. Checa, Áustria e Eslováquia

9 de fevereiro de 2012



Eu vacilei e só mandei solicitações no CouchSurfing quando estava saindo de Cracóvia naquela manhã, desta forma, acabei ficando com pouco tempo para receber respostas e não recebi nenhuma para aquela noite. Só havia uma mensagem que eu recebera alguns dias antes de um cara oferecendo lugar para ficar, como eu vi essa mensagem pelo celular e estava com poucos créditos, não pude ver o perfil desse cara. Ainda assim, contrariado em ter que ficar em um hostel, acabei aceitando o convite sem ler o perfil dele (GRANDE erro, como veremos).

Chegando em Praga, segui as instruções do colega até chegar em um apartamento. Estava ele, um cara alto, careca e bonitão ao lado de um gordão com cara de mafioso. Já no aperto de mão, percebi de imediato: o cara é gay. Para mim nenhum problema, respeitarei a sua homossexualidade contanto que ele respeite a minha heterossexualidade.

– Bem, na verdade essa não e a minha casa – disse ele.
– Ah é? – respondi.
– Não, na verdade é uma festa. Uma festa de Swing.
– Hã? – Eu havia entendido, mas custei em acreditar.
– Você sabe o que é uma festa de Swing? Existem vários homens com quem você pode se divertir, você só paga 15€ – na hora eu não entendi de onde ele imaginou que eu fosse gay, só entenderia mais tarde.
– Hã? – fiz uma cara de “eca” e ele entendeu que eu não era gay.
– Bom, existem algumas mulheres também.
– Cara, eu agradeço imensamente o convite, mas além de essas festas não serem meu estilo, não tenho orçamento pra isso – com isso peguei a minha mala e caí fora o mais rápido possível.

Ao por os pés na rua e finalmente me sentir seguro novamente, não consegui mais segurar e caí em gargalhadas. Recebi ainda alguns SMSs dele implorando para voltar!! Hilário. Olhei mais tarde o perfil do cara, era tão evidente que o cara era um predador homossexual que qualquer homem que aceitasse seu convite após ler AQUELE perfil, tinha de estar no clima de putaria.

Fui para um hostel naquela noite e no dia seguinte fui fazer um city tour.

Optei por fazer o Walking Tour gratuito, o que vale muito a pena para conhecer o principal da cidade. Um dos mais legais foi o relógio astronômico próximo da praça central (é, eu sou geek mesmo).


Tava rolando também uma feira de natal gigante, mas os preços não eram muito natalinos. Mais tarde fui ao castelo da cidade e no caminho olha só o que eu achei:

Uma roda d'água que funciona de verdade

Quando estava lá no alto do castelo, recebi uma mensagem de uma menina do CouchSurfing que me aguardaria no centro da cidade, desci correndo para encontra-la. Conversamos por altas horas nas quais finalizamos, com umas caipirinhas de Kiwi, com o Saquê que sobrou de Viena.

Na manhã seguinte voltei para Viena, onde encontraria a Marianne, também do CouchSurfing que, além de me hospedar, topou me acompanhar ao show dos caras do Angizia, uma banda pela qual sou doente. Uma música para vocês (só ouça se estiver preparado para algo estranho):


O show era de um projeto paralelo do violonista e da violinista, um dueto fantástico que naquela noite, infelizmente, fariam um show em um clube de tango, ou seja, o povo estava lá para dançar e nem ligavam muito para o que estava sendo tocado. Ainda assim o show foi animal e me rendeu um autógrafo.



Outro fator marcante da noite foi a maravilhosa companhia da Marianne, que além de ser grande parceira de conversa, tem um excelente gosto musical e é uma pessoa divertidíssima. Estávamos por demais inibidos para dançar em meio àqueles profissionais de tango, mas mais tarde na plataforma do metrô, arriscamos alguns passos, o que me renderia risadas por dias.


No dia seguinte, demos uma volta pela região onde havia um Playground, para crianças, mas não resistimos e nos divertimos muito. Segui minha viagem de absoluto bom humor. Agora iria para Bratislava na Eslováquia, uma viagem de poucas horas com ônibus.

Lá fiquei hospedado na casa da Lea, uma Coreana que trabalhava em um fornecedor da Samsung. Ela era bastante divertida e preparou uma deliciosa (e picante) refeição ao estilo coreano. Ficamos por várias horas conversando sobre nossas experiências de viagem. Ela é completamente louca e inconsequente como viajante, isso pelo fato de ter viajado sozinha, à base de caronas na Turquia, um país no qual muitos homens veem mulheres ocidentais como vagabundas e bastava pegar carona com um desses para a viagem ter consequências desastrosas, felizmente não houve nada de muito desastroso.

No dia seguinte fui dar uma volta em Bratislava, como não tava a fim de fazer isso sozinho recorri ao CouchSurfing para encontrar a excelente companhia da Flávia, uma brasileira fazendo voluntariado por lá, o mais interessante é que temos um amigo em comum no Brasil, pois é o mundo é pequeno. Imaginava que ia passar o dia matando a saudade de falar português, mas não, a Flávia foi acompanhada da April também voluntária, mas de Taiwan.




A cidade tem muito poucos atrativos, a Flávia e a April fizeram o melhor para me mostrar os pontos mais interessantes. Divertidíssimo foi patinar no gelo com as meninas, em especial a April que estava patinando pela primeira vez e necessitava de um suporte personalizado.


Outro fato marcante na cidade foi, no final do dia, uma cerveja em um bar por 1€, nem tomei tantas pois tive que sair cedo para encontrar a Lea a tempo para o jantar.


No dia seguinte almocei uma pizza com a Lea e cortei o cabelo, por 2€, uma sábia decisão já que esta seria a última oportunidade de fazê-lo a um preço tão barato.

Mais tarde segui para o aeroporto de onde sairia meu voo para Paris.

Viena, paraíso da música, inferno para caronas!

31 de janeiro de 2012


A Elisabeth deixou-me em algum lugar nas proximidades de Salzburg, a cidade conhecida por ser o lugar de nascimento de Mozart, além de ser a quarta maior cidade da Áustria.

Acontece que o lugar que ela me deixou era muito ruim. Fiquei lá por umas duas horas até conseguir a primeira carona. Era um grupo de homens indo para Salzburg, haviam passado por lá duas vezes, ficaram com pena de mim e resolveram parar na segunda vez para me deixar em um lugar melhor para conseguir caronas.

O lugar era bem de frente a um McDonalds, assim, aproveitei para fazer um lanche, e usar o Wi-Fi deles. Aliás, na Europa, todos os McDonals possuem Wi-Fi gratuito, mais um motivo para estar sempre por lá.
Fiquei alguns minutos em uma saída bastante movimentada para Viena e poucos minutos depois parou uma senhora muito simpática mas que morava a apenas alguns quilômetros de onde estávamos, mas dizia que iria me levar a um lugar melhor ainda, um posto de serviço. Antes disso, demos uma volta no lago que banhava a sua cidade, um lugar muito bonito.


O posto era gigante, ótimo, boas chances de conseguir algo. Fiquei por lá por alguns minutos até parar um francês que estava lá a trabalho e poderia me levar uns 40 quilômetros. O cara era muito legal e desviou-se alguns quilômetros de seu caminho para me deixar em um posto, além de ter me dados várias dicas de como enfrentar o frio.

Demorou para conseguir a próxima carona, demorou muito, muito. Fiquei naquele posto por umas cinco horas a uma temperatura que variava entre 2 e 3 graus. Minha estratégia para enfrentar o frio era ficar do lado de fora até que não aguentasse mais, quando esse momento chegava, ia para o lado de dentro me aquecer, tomar um chá para voltar ao lado de fora e recomeçar o processo.

Quando já estava escuro, um rapaz num carro de luxo ao ver a minha placa para Viena deu um sorriso e mandou-me entrar no carro. Quase esqueci o meu ateísmo pra agradecer a Deus.

O cara era muito legal e fomos conversando por todo o caminho. Ele era ator de cinema e televisão, relativamente famoso, posteriormente mostrei a foto dele para uma garota de Viena e ela disse-me que era muito fã daquele cara. No final ele desviou-se do caminho para deixar-me na porta do lugar que ficaria hospedado.

Não, a carona não foi em um cavalo branco

A casa que eu ficaria era também da Elisabeth, o problema era que ela não estaria presente naquela noite, ou seja, ficaria sozinho no apartamento de uma pessoa que conheci no dia anterior, esse tipo de coisa só é possível graças a essa ferramenta maravilhosa que é o CouchSurfing. Ainda assim, achei uma droga.
Ficar sozinho naquela noite sem ter o que fazer foi bastante difícil, momento perfeito para o velho fantasma da solidão aparecer novamente. Mas esse fantasma já não me assusta mais, aprendi a conviver com ele, ainda assim, a solidão nos coloca em uma situação bastante incômoda. Mas na manhã seguinte me mudaria para outro lugar, cheio de gente.

Deixei o apartamento exatamente do mesmo modo que o encontrei, e segui para encontrar a Liza, uma estudante da Alemanha que vivia na Áustria, muito lindinha e simpática. Ela me emprestou uma bicicleta para rodar a cidade, na qual passei a tarde toda. A coisa que mais me chamou atenção em Viena foi a feira de natal que estava rolando. Fiquei muito empolgado com os aromas do lugar e não me lembro de ter ficado assim desde as ruas de Fez.


Voltando mais tarde naquela noite, fomos para a noite, acabamos chegando atrasado ao encontro de uma amiga dela por minha culpa, já que resolvi tomar banho antes de sair. A noite foi muito divertida, iniciamos por um bar onde havia um grupo muito animado de mulheres fantasiadas. Havia uma de mulher gato que começou a puxar assunto conosco, as meninas ficaram falando que ela estava a fim de mim, mas poucos minutos depois a mulher gato começou a beijar outra mulher fantasiada de Elvis deixando, desta forma, claro de quem ela estava atrás.



Seguimos de lá para um Karaoke party, e tinha muita coisa legal rolando, chegou a nossa vez e as meninas decidiram cantar “Another one bites the Dust” do Queen, mas ninguém sabia a letra e o ritmo, conclusão, um trabalho muito mal feito.

No dia seguinte, em meu passei da cidade, encontrei uma americana que também ficaria hospedada conosco naquela noite. De imediato percebi que não rolou nenhuma química e quase preferia estar sozinho naquela tarde, mas ainda assim deu pra aproveitar um pouco, terminamos a tarde bebendo uma cerveja.


Voltando ao apartamento estava lá o Jay, o terceiro surfer que ficaria hospedado no apertado quarto da Liza .  Era um daqueles tipos super cool que são legais nos primeiros dez minutos, mas que logo se tornam cansativos. Ainda assim, era um cara que tinha muita coisa interessante pra contar. O papo foi regado a várias caipirinhas que fiz, o que me rendeu um convite para a festa  de aniversário do Jay em Paris.

Na manhã seguinte, descobri que ocorreria em 10 dias um show de dois músicos do Angizia, uma banda que sou fissurado desde há muito tempo. Achei um voo bem barato saindo de Bratislava (menos de uma hora de Viena) para Paris dois dias após o show, restava saber o que fazer nesse meio tempo. A resposta veio fácil: Rush Travelling, explico no próximo post.