Voltar ao ártico no inverno era uma promessa que eu fiz a
mim mesmo quando saí de lá no verão. Encontrar o Tom seria reencontrar um
grande amigo, porém as mensagens que enviei a ele, de uma hora para outra, não
retornavam. O Tom estava incomunicável, por razões que não valem a pena serem
citadas aqui. Acabei, desta forma, escrevendo a seus pais que se prontificaram
a me receber e, coincidentemente, chegariam de viagem exatamente no mesmo dia
que eu e no mesmo aeroporto.
O Tore e a Torhild me receberam como um filho em uma estadia
que se estendia semana após semana.
A Torhild é enfermeira e trabalha diariamente, uma senhora
muito inteligente com quem sempre tive conversas estimulantes e profundas.
Sempre fazendo o possível para que eu me sentisse em casa, o que aconteceu
depois de alguns dias, me fazendo até me sentir um pouco culpado.
O Tore é um encanador experiente que desde jovem deu vazão à
suas aspirações empreendedoras e, com grande sucesso, criou uma rede de lojas
de decoração. Apesar da nossa diferença de idade, nos tornamos grandes amigos
desde os belos dias de verão, no qual tomamos junto um porre regado a muito
vinho e jogo de xadrez.
Tore e sua filha Tove em sua loja
A hospitalidade foi imensa, o conforto nem se fala, além de
uma cama confortabilíssima, havia um banheiro só para mim, nesse banheiro tinha
uma sauna e o exagero: uma banheira de hidromassagem. Esse último detalhe me
fez cair na risada em quanta, quanta sorte eu tinha.
A semana corria tranquila quando recebemos a notícia de que
o Tom, grande comparsa, estaria na cidade em duas semanas. Foi essa a primeira
desculpa para estender a minha estada.
Bem, já que vou ficar aqui por duas semanas, talvez valha a
pena arrumar um emprego. Foi o que eu fiz, com consequências tão complicadas
que vai ganhar um post só para isso, mas o que precisa ser dito é que isso me
deu motivo para estender minha estada por pelo menos mais um mês.
Fato interessante é que, nos dias em que o Tore saia para
fazer alguma instalação ou serviço externo como encanador, acompanhei-o alguns
punhados de vezes, os mais interessantes foi a instalação de uma pia, incluindo
todo o encanamento de água e esgoto em um supermercado e uma instalação de
móveis de banheiro.
Aos finais de semana não havia muito que fazer na cidade,
assim o programa principal era ir até a casa de campo nas montanhas que ficava
em meio às montanhas de um Fjord lindíssimo chamado Fiskefjord, que traduzindo
seria o Fjord dos peixes. Lá passávamos dias bastante relaxantes em meio a toda
aquela neve que era muito mais alta do que na cidade.
Da esquerda para a direita: Anne, Tore, Hauk Ivar e Torhild
Uma figura frequente que encontrávamos por lá era a Anne,
irmã do Tore, e seu marido Hauk Ivar que era um cara muito legal, sempre
falando da vida, cultura, costumes e culinária norueguesa. Também ele que
tentou – sem sucesso, devo dizer – a esquiar.
Foi ele também que, junto ao Tore, me ajudou a desatolar o
Snowmobile em todas as minhas tentativas de andar nele, é muito difícil, ainda
mais na hora que eu caí em um buraco coberto de neve, ficamos mais de dez
minutos extenuantes para tirar todo aquele peso do buraco, e conseguimos.
Enfim, acho que esportes de inverno e brasileiros são mesmo incompatíveis.
Vale mencionar a linda paisagem de inverno daquela região:
Em uma dessas idas e vindas, acabamos atropelando um alce na estrada. Felizmente era um alce bebê, e o carro era grande, de outro modo, há um sério risco. O alce parecia bem, apenas não conseguia levantar. Chamamos as autoridades que não demoraram a enviar alguém. Imaginei que levariam o pobre alce ao veterinário para tratar dos ferimentos e devolvê-lo à natureza. Ledo engano: o alce acabou levando um tiro de escopeta.
O resultado ficou na estrada.
A razão principal para o meu retorno a esta região era ver
as auroras boreais, que também valem um post. Só uma foto para dar um gostinho:
Depois de algumas semanas, recebemos a visita do Tom, apenas
para aquele final de semana. Fui com a Torhild ao aeroporto busca-lo e foi um
reencontro muito feliz e a alegria se estendeu por todo o final de semana, a
começar pela festa que rolou naquela sexta feira mesmo, iniciada no bar,
terminada na casa do Tom, com direito a black-out e ressaca máster. Foi triste
vê-lo despedir0se do filho e partir a contragosto.
Após algumas semanas, passava a maioria dos dias em casa sem
ter muito que fazer. Cansei de tanta preguiça e mandei algumas mensagens para o
pessoal do CouchSurfing da região, e entre algumas respostas, recebi uma da
Dorka, uma farmacêutica da Eslováquia, assim, os dias ficaram menos monótonos,
visto que ela recebia frequentes visitantes. Em um final de semana, fomos a um
local onde as tradições Sami (nativos da Escandinávia, relacionados aos
esquimós e que viviam ali antes dos Vikings) acompanhados da Maria, uma russa
muito engraçada, acabamos não vendo nada senão algumas renas, tiramos algumas
fotos e fomos expulsos do local sob protestos da dona, que em geral cobra por
fotos como aquelas.
No total foram quase dois meses ali em Sortland, ficar parado por tanto tempo teve um custo
muito pesado, não financeiro já que o Tore nunca me deixou encostar em minha
carteira, mas um custo pessoal. Eu já estava habituado à vida na estrada, cheia
de aventuras e longe de qualquer rotina. Ficar tanto tempo parado significou
colocar o meu projeto de vida na geladeira por este período e depois de algumas
semanas eu estava sedento para cair na estrada novamente.
1 comentários:
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