Cheguei por volta das 9h da manhã em Pisogne, uma
cidadezinha que ficava nas margens do Lago d’Iseo. A paisagem era de tirar o fôlego:
altas montanhas, com encostas estreitas margeando o lago, lembravam a paisagem
dos Fjordes Noruegueses.
Preparava-me para ligar para o Michele (em Italiano se lê
Miquele), mas ele chegou menos de dois minutos depois.
Conheci o Michele e sua esposa Sílvia, quando pegava caronas
entre Montenegro e a Albânia (detalhes da história podem ser lidos no post
Albania Mio Paese), continuamos nos comunicando até o momento que eu cheguei à
Itália e fui convidado a passar alguns dias com eles.
Encontrei a Silvia quando chegamos ao apartamento onde eu
ficaria confortável no escritório do Michele. Naquele primeiro dia, o Michele
me levou para dar uma volta de moto em volta do lago, foi uma viagem
absolutamente fantástica que quase me convenceu a comprar uma moto para seguir
viagem.
O Michele é chefe de cozinha, por isso eu esperava os
melhores pratos, acontece que ele estava muito curioso para experimentar comida
Brasileira. Ele próprio era um grande admirador da cultura e culinária
brasileira e com a oportunidade de contar com um brasileiro em sua casa seria a
oportunidade ideal de aprender alguns truques. Assim, acabei sendo incentivado
a cozinhar, e já faria isso na primeira noite para um grupo de amigos.
Fiz um prato de carne sangrando na chapa com farofa. Além da
farofa havia a opção de se usar Shoyu com Wasabi, ao estilo japonês, tudo isso
regado a caipirinhas tradicional e de saquê, a festa foi um sucesso.
No dia seguinte fomos à casa da montanha dos pais do
Michele. Foi a primeira vez que via os Alpes tão de perto e foi uma estreia
perfeita. A casa em si era linda, feita de pedra com um estilo único. O pai do
Michele tinha as histórias de viagem que eu quero ter um dia para contar. Um
delas foi sobre como enganou o oficial de fronteira chinês para entrar no Tibet
do Nepal sem ter a devida permissão, e ele fez essa aventura a pé. Foda né?
No outro dia resolvi ir a Milano. Peguei o ônibus e cheguei
a uma cidade meio sem graça. Nesta hora senti forte uma sensação que, apesar de
estar em uma belíssima cidade, não conseguia ver nada de muito especial. É uma
merda, mas acho que após tanto tempo viajando e vendo cidade após cidade, já
não me surpreendo mais com a maioria das coisas, ainda mais viajando sozinho. A
única coisa que mereceu alguma admiração foi a igreja, enorme, bela e única. Fui
também a um museu de instrumentação astronômica, mas foi também bastante sem
graça.
Foi na volta que começou a aventura. Voltei para a estação
de onde cheguei para descobrir que o ônibus saia de outro lugar. Corri para lá
e o ônibus que ia direto para Lovere acabara de sair. Fui então à Bergamo, para
descobrir que também não havia mais ônibus. Excelente...
Liguei ao Michele comunicando o ocorrido e o plano seria
pegar um hostel por ali, mas antes de me entregar, tentaria a sorte com
caronas, mesmo sabendo que caronas à noite eram bastante difíceis. Cheguei em
um lugar no qual poderia ter alguma informação quando recebi uma mensagem do
Michele para que eu ligasse à ele. Ele havia conseguido uma carona com uma
amiga que trabalhava em Bergamo. Foi muito interessante, pois fomos o caminho
inteiro conversando unicamente em Italiano, e não, eu não falo italiano, apenas
a mistura meia-boca que vemos nas novelas da globo, mas surpreendam-se todos,
funciona.
No dia seguinte, recebemos um maravilhoso convite de uma
amiga do Michele que era uma das maiores especialistas italianas em culinária
japonesa para um jantar especial. Ela viveu no Japão por conta de trabalho por
mais de 7 anos onde se apaixonou pela cultura e culinária local. O Jantar foi
magnífico e ajudou a matar a saudade de algo que eu comia quase diariamente no
Brasil.
No dia seguinte, me despedi deste lindo casal, Silvia e
Michele, que tanto bem fizeram à minha viagem, mas antes disso, um último
presente deles: diversas roupas que me protegeriam do inverno europeu. Para
fazer tudo isso caber na minha mala, precisei me desfazer de algumas coisas, os
escolhidos foram algumas camisetas e bermudas que eu já usava pouco no verão e
que não tinha planos de tirá-las da mala tão cedo.
Após o delicado trabalho de fazer as malas, o Michele me
deixou em um ponto de onde eu poderia pegar caronas até a Suíça. Mas isso fica
para o próximo post.
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