A balsa chegou na manhã seguinte em Brindisi, achamos um
café com internet e planejamos os próximos passos, iríamos para Napoli, e havia
um ônibus saindo de Bari. Podíamos ir de trem, mas a maioria preferiu seguir de
carona, dividimo-nos em três casais, a minha parceira foi a Charlie, uma
britânica com espírito aventureiro, viajava sem um tostão no bolso (depois
falam que eu sou corajoso).
Andamos até uma saída e começamos o processo, no total foram
três caronas e uma caminhada de meia hora até chegarmos em Bari. Havíamos
marcado um ponto de encontro e ao chegarmos, não encontramos ninguém por lá,
conclusão óbvia, fomos os primeiros a chegar: Yeah! Campeões de Hitch-Hiking.
Meia hora depois encontramos o resto do pessoal, já tinham chego há várias
horas, dois deles vieram de trem, outros dois conseguiram uma única carona por
todo o percurso.
Depois de comer um lanche seguimos até a parada do ônibus
para Napoli onde conhecemos uma italiana bonitona e faladeira. Sentou conosco
no fundo do ônibus onde continuou o papo conosco, não demorou até o cheiro dos
meus companheiros (que não tomavam banho há três semanas) começar a empestear o
ambiente. A italiana que não é de ferro, mudou de lugar para bem longe de todos
nós.
Em Napoli os caras decidiram ficar em um hostel, eles já não
aguentavam o cheiro de si próprios. O hostel que encontramos era bem
aconchegante e tinha um café da manhã excelente. Havia três brasileiros em meu
quarto. É impressionante como sentimos falta de falar a nossa própria língua,
pior ainda é ver o quanto estou trocando e esquecendo palavras em português,
substituindo-as pelo equivalente em inglês, que tem sido a língua padrão do
dia-a-dia.
Saímos para explorar a cidade na manhã seguinte. Explorar
uma nova cidade da companhia de gente interessante é renovador, afinal, podemos
compartilhar nossos pensamentos e impressões e recebemos outros em troca, no
final, a experiência é mais enriquecedora.
A cidade de Napoli chama a atenção por suas portas enormes,
deixando a impressão que todos os napolitanos esperam um caminhão em suas
garagens. Além disso, se vê em todo o lugar que se olha alguma pizzaria boa e
barata, conclusão óbvia: Comi pizza em todas as refeições que fiz em Napoli e,
sinceramente? A Pizza de São Paulo é melhor. Pronto, falei!
Voltando ao hostel, conheci uma alemã que saiu de casa, cruzou os alpes e chegou ao sul da Itália, tudo isso caminhando, À PÉ por dois meses (depois falam que eu sou corajoso).
No dia seguinte, meus colegas sairiam para Roma, eu decidi
ficar por mais aquele dia, quando iria fazer um tour ao redor do monte Vesúvio.
Inicialmente, após errar o trem, fui parar em uma cidadezinha que parecia nunca
ter visto um turista antes, contava, é claro, com uma igrejinha no centro da
cidade e com algumas opções de cafés, escolhi um e aproveitei.
De lá segui viagem para Pompéia, uma grande cidade nos
tempos de Roma, destruída por uma erupção do Monte Vesúvio. As cinzas cobriram
a cidade com uma grossa camada de cinzas que conservou as estruturas da cidade
de uma forma que realmente impressiona. Outra coisa conservada pelas cinzas
eram os corpos de algumas pessoas em suas tentativas desesperadas de se
salvarem das cinzas quentes que caíam do céu. Sua dor e angústia ficaram
registradas nas estátuas do Jardim dos Fugitivos.
Tentei, em seguida, ir à Costiera Amalfitana, um lugar que
pelas fotos devia ser de tirar o fôlego... Mas não rolou, chegando a Sorrento
descobri que a estrada estava fechada, decidi ficar naquela cidade mesmo que
era bastante turística, e não sem razão, era de um charme tremendo. Com
paredões de rochas enormes que se curvavam a um mar de águas claríssimas que
convidavam para um banho, talvez na próxima.
Minha última parada naquele dia, foi escolhida ao total
acaso, eu tinha algum tempo e desci na primeira parada após essa sábia
conclusão. A cidade foi Ercolano, que tinha poucos atrativos para turistas
normais, mas era um depósito de descobertas interessantes para um viajante como
eu.
O Monte Vesúvio
Em vilas pequenas como essa, pode-se ter uma ideia do ritmo
de vida das pessoas do sul italiano. Igrejinhas, ruas estreitas e um por do sol
no campo de flores. Antes de voltar para o trem, claro, uma parada para um
café.
Na Itália, o café é uma obra de arte para o paladar. Existem
diversos tipos e soa como perda de oportunidade pedir apenas um... “café”.
Decidi, portanto escolher um diferente: Caffe Correto. Eu nunca havia sido um
apreciador de café até aquele momento. No Brasil quando todos tomavam café, eu
pegava um chocolate, mas naquele momento com aquele café expresso forte com uma
pequena dose de Bailey’s, o meu ponto de vista sobre o sabor amargo do café
mudou, era delicioso.
Voltei para o hotel e fiquei enrolando até dar a hora de
sair, algo como 3 h da manhã, seguiria de trem para Roma.
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