Acordamos "cedo" naquele dia: 10 horas, e isso é cedo porque nunca acordáramos tão cedo neste hostel.
Tomamos o café da manhã aprontamos as malas e saímos para a estrada.
Estava um baita calorão de rachar, assim, o jeito era ficar abaixo de uma ponte que havia por alí, pelo menos rolava uma sombrinha. Bom a idéia era a seguinte: a Albânia ficava muito longe para esperarmos pegar uma carona direta. Não tínhamos muitas idéias de cidades no caminho, só sabíamos que a Albânia ficava no sul, e esta seria a nossa placa, melhor ainda se a placa estivesse escrita em montenegrino.
Fechou, deixei o Fred e saí para descobrir como se escrevia Sul em montenegrino. Fui na banca de jornal e óbvio, a mulher não falava inglês. Moleza, a minha linguagem de sinais e mímica, arte desenvolvida principalmente no Marrocos (vide este post), daria cabo facilmente. Desenhei uma seta, dentro de um círculo com um N na ponta. Apontei para o norte com a seta da bússola, e ela sacou o que eu queria dizer. Depois desenhei o S de sul e perguntei como era na língua dela, ela disse Zapad. Não contavam com a minha astúcia?
Excelente, voltei para o Fred, desenhei a placa e vamo que vamo. O Fred ficava com a placa e a bandeira enquanto eu tentava chamar a atenção dos motoristas com as minhas recentemente adquiridas habilidades malabarísticas.
Muita gente buzinava, mandava rizadas, beijos e outros ainda faziam um sinal muito curioso que não entendemos naquele momento... Apontavam para trás.
Enfim, ninguém parou o que fazer? Decidimos pegar um ônibus para Bar, uma cidade e não UM bar (o que não seria uma má idéia). Em Bar supostamente haveriam várias possibilidades. Legal. Chegamos lá, uma praia que parecia promissora e um baita trânsito. Excelente: o trânsito dava tempo suficiente para as pessoas simpatizarem conosco, pensarem e pararem.
Continuavamos com a placa dizendo "Sul" em montenegrino. Pessoas continuavam apontando para trás até que parou um carro perguntando para onde raios queríamos ir. Para o sul é claro apontando para a placa. Daí o cara disse: "OK, se vcs querem ir para o sul façam outra placa pois Zapad significa oeste". Rimos MUITO, afinal, agora fazia sentido o povo apontando para trás.
Outro evento que nos garantiu muitas risadas foi o fato de um carro ter parado a alguma distância. O Fred foi lá falar com eles e voltou super feliz, arrumamos uma carona para a Albânia! Excelente, pegamos a nossa mala e quando estávamos indo para o carro, eles foram embora. Provavelmente rindo muito por ter-nos feito de otários. E é, conseguiram até eu e o Fred rimos, depois de xingar muito é claro.
Não muito depois ouvimos um distante "Helo" e um homem de óculos acenando. O Fred foi lá falar com ele e dessa vez era pra valer. Eles eram um casal de italianos indo para Tirana, capital da Albânia! Muito excelente!
Seguimos com eles batendo um excelente papo. Ele, Michele (se lê Miquele) e esteve no Brasil a não muito tempo e, por isso, ele havia parado, se animou ao ter visto a bandeira do Brasil. Agora seguia acompanhado de sua adorável esposa Silvia para Tirana e depois para alguma praia no sul da Albânia.
Sem querer lançou uma frase que marcaria a viagem e que deu nome a esse post. Acontece que há muitos imigrantes Albaneses no norte da Itália e sempre que tentam explicar qual o país de origem bradam com um orgulho nacionalista: "Albania mio paese" (do italiano: Albânia meu País). Agora estávamos na Albânia e infelizmente não parecia haver muito do que se orgulhar.
Fred, Michele e Silvia.
O trânsito é nada menos do que caótico. No último dia pegamos um taxi e juro que quase me caguei: o cara pegou contra-mão, estrada para bicicletas, quase atropelou pedestres, só faltou dar um cavalinho de pau.
Primeiro tentamos chegar no Hostel de várias indicações, mas o mapa desatualizado do Lonely Planet nos enganou e ficamos perdidaços. Perguntando (não me pergunte em que língua) para várias pessoas chegamos no hostel e ele tava lotado, mas o cara, que tinha cara de traficante mas muito gente boa, nos indicou outro que seria certo.
Chegamos lá, haviam vagas e já fizemos algumas amizades, o que nos garantiu um belo jantar com uma galera bem legal. Fora eu e o Fred, tinha outro alemão e cinco poloneses. Dos poloneses, tinham duas garotas que namoravam dois dos três caras que eram irmãos. Apesar do compromisso, uma delas gostou do Fred e ficou de papo com ele por todo o caminho, o que garantiu uma briga para ela.
No dia seguinte, resolvemos ver toda a cidade, que infelizmente não oferecia muito. A praça central estava completamente tomada por obras e ninguém trabalhando nelas (e não era domingo).
Bem, dadas as circunstâncias o melhor a fazer era seguir viagem, e o lugar escolhido seria o lago Ohrid na fronteira com a Macedônia.
Pegamos uma espécie de "carona paga" até uma cidade mais próxima da fronteira. O trânsito que é caótico na cidade é ainda mais assustador nas estradas. O motorista parecia um suicida, fazendo curvas na contra-mão a uma velocidade de dar um nó no estômago. Ah, e a mulher grávida ao lado. Depois de cruzarmos o terceiro acidente (batidas frontais) o cara pareceu sossegar um pouco mais.
Chegamos em Pogradec e caminhamos os 5 km que nos separava da fronteira. O destaque era o vento, que fazia o lago parecer um oceano com ondas violentas demais para um lago, e o excelente papo que eu e o Fred batemos durante a caminhada.
Outro lance que chamava atenção eram os bunkers que ficavam ao longo de todo o caminho. Aconteceram guerras aos montes naqueles lugares e os bunkers eram tão numerosos que pareciam fzer parte da paisagem local.
Atravessamos a fronteira à pé, e pegamos uma carona desastrosa até Ohrid, mas essa história fica para o próximo post.
O percurso até a Tirana na Albânia:
O percurso de Tirana até Ohrid:
1 comentários:
Ri demais com a história do SUL, OESTE. Eu voltaria até Montenegro só pra bater na tiazinha
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