A Bavária, ou Bayern em alemão, não dá nome à cerveja à toa,
é lar de algumas das melhores cervejas do mundo. É também a região de um povo
caloroso e orgulhoso de suas tradições.
Minha viagem por lá começou em Munich, onde ficaria
hospedado no apartamento do Kais, um estudante de engenharia oriundo da Tunísia.
Ele começou bastante reservado, falando pouco, mas com o tempo entramos em
sintonia e o papo começou a fluir principalmente motivado pela minha
curiosidade sobre a Tunísia e pela curiosidade dele com relação aos lugares que
visitei. Aprendi, por exemplo, que a Tunísia é um dos países islâmicos mais
liberais de todos e foi também um dos primeiros a explodir na primavera árabe.
Saímos cedo no dia seguinte, ele para uma aula, eu para
conhecer a cidade. O dia estava bastante nublado e frio.
Munique é uma cidade de organização impecável e extremamente
limpa, quase não se vê sujeira nas ruas. Comecei naquela manhã caminhando
perdido pela cidade até encontrar o centro de informações turísticas e pegar um
mapa (que, por incrível que pareça, estava em português) com os lugares mais
importantes da cidade. O primeiro deles era o Rindermarkt um lugar cheio de
coisas boas para comer.
Em seguida fui à Hoffbräuhaus, um dos lugares mais
tradicionais para se tomar uma cerveja, e eu me empolguei com o canecão de
litro e uma sopa de cenoura ouvindo música tradicional alemã.
Mais tarde me juntei a um Free Walking tour. O tour foi
sensacional, abordando partes da história que teriam passado desapercebido. Foi
em Munique que Hitler iniciou sua marcha para o poder. Andamos pela rua na qual
Hitler marchou com seus simpatizantes e, após escapar de ser metralhado, foi
preso. Naquelas ruas a história do mundo foi definida.
Mais tarde, estacionei em um bar onde provei uma das
melhores cervejas que já bebi: Weiss Starkbier (cerveja forte de trigo),
canecão de um litro, claro.
Jantei naquela noite com o Kais no bandeijão da
universidade, que apesar de ser dez vezes melhor que o da USP, não possui o
mesmo charme.
No dia seguinte segui viagem. Escolhi o ponto com melhores
chances de conseguir uma carona para Altötting. Após alguns minutos, parou uma
russa que falava quase nada de inglês, fomos nos comunicando com linguagem de
sinais e substantivos. Percebi que ela fazia um caminho diferente do meu e sem
entender tentava questioná-la e ela dizia “OK, OK”. De repente ela para em
algum posto de gasolina ao norte de Munich (eu estava no leste), me deu 50 € e mandou
disse para eu continuar dali. Eu não entendi absolutamente nada, mas o episódio
me rendeu inúmeros minutos de risadas. Peguei o trem e voltei para o mesmo
ponto que ela me pegou, e desta vez, após duas caronas, cheguei ao meu destino.
Altötting era uma cidade muito pequena e bonitinha. Tinha
uma catedral enorme ao lado de uma igrejinha. O interessante desta igrejinha
era a parede externa forrada de quadros e gravuras de pessoas agradecendo por
graças alcançadas, um dos que mais me chamou a atenção era um datado de 1946 e
desenhos de um campo de batalha.
Tinha que esperar por algumas horas até o Marcus, do
couchsurfing poder vir me buscar. Isso não seria um problema se não fosse o
frio de rachar. Tomei vários chás e cafés em busca de lugares aquecidos.
Quando o Marcus chegou, percebi de imediato que ele era uma
daqueles caras ultra-gentis e atenciosos, tendo o cuidado de me mostrar alguns
dos pontos mais importantes daquela cidade. Em seguida, me levou até a cidade
de Burghausen que possuía um castelo bastante comprido; havia uma névoa
persistente no ar e junto com as luzes, formavam um cenário fantástico.
Ele voltou para o carro enquanto eu desci até o rio Inn,
alguns metros montanha abaixo. Atravessei a ponte e pus, pela primeira vez, os
pés na Áustria. O Marcus veio me buscar do outro lado e fomos até a sua casa.
Conversamos algumas horas até que a Elisabeth, sua esposa,
chegou. Ela era violonista profissional e dava aulas de violão, ajudou o Marcus
no jantar que, aliás, estava uma delícia. E claro, regado a cerveja Bávara.
No dia seguinte eu seguiria para o apartamento que eles
tinham em Viena. O plano era seguir até Salzburgo de carro com a Elisabeth e de
lá, seguir de carona até Viena. Uma aventura gélida que fica para o próximo
post.
2 comentários:
Nossa, comecei a ler seu blog e não consegui parar... acabei de notar que são 5 da manhã!!! Parabéns pela viagem e pelo ótimo relato!
Obrigado pelo comentário! Ainda tem muito mais por vir!!
Abraço!
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