Para ir de Eilat para jerusalém, resolvemos caronear e descobrimos que em Israel pegar carona é bastante simples. Em geral não tínhamos que esperar mais do que 10 minutos. Uma das mais interessantes que pegamos foi com um tiozão viajando num carro de luxo que disse ser o dono da Dead Sea Works, uma das maiores empresas de Israel e mais um que só parou por causa da bandeira do Brasil.
Nacionalista? Não! Oportunista. Todos adoram o Brasil.
Desta forma, chegamos em Jerusalém e fomos recebidos pelo Ofer, um cara que a Mariana conheceu em uma balsa na Turquia. O cara é um viajante experiente, extremamente gente fina e inteligente pacas. Conversei muito com ele, principalmente sobre política onde ele se mostrava um cara bastante neutro e consciente da real situação do Estado de Israel. Assim, através dele, pude conhecer o ponto de vista tanto de um cara neutro quanto dos caras mais radicais, afinal, o Ofer convive com eles diariamente.
Tivemos excelentes momentos com ele. Inicialmente ele nos levou à cidade antiga com todos os locais sagrados de todas as religiões. Por exemplo, no mesmo lugar onde supostamente Deus criou Adão, o profeta Maomé subiu aos céus com seu cavalo alado. A alguns metros de distância, ficava o muro das lamentações e, outros metros, o local onde Jesus foi sepultado.
Muro das Lamentações
Via Dolorosa
Desta forma, Jerusalém é palco de todo tipo de peregrinação e loucuras religiosas. Vale também notar o quão paranóicos são os israelennses com segurança. É muito comum ver jovens carregando metralhadoras pesadas, além de soldados, policiais e check-points espalhados por toda a cidade.
O destaque do dia foi a visita à Capela do Santo Sepulcro que é um lugar onde se vê nos olhos das pessoas o quão importante para elas é estar ali. Para mim é importante afinal, um dos caras mais importantes para a história do mundo ocidental foi (supostamente) sepultado ali. Mas eu sou ateu e não conto... Só que para a grossa maioria de pessoas que estavam lá, aquele era o momento mais importante e significativos de suas vidas, é como se cada uma delas se sentissem tocados por aquilo que eles chamam de Espírito Santo.
Nesta foto, por exemplo, vê-se a pedra onde Madalena e Maria (supostamente) lavaram o corpo de Jesus, as pessoas se debruçam e muitas vezes se levantam aos prantos.
Jerusalém é palco anualmente de 50 a 200 casos da Síndrome de Jerusalém. Trata-se de uma condição psiquiátrica cujas pessoas, de tão tocadas pelos locais sagrados de Jerusalém, começam a acreditar que são a reencarnação de pessoas importantes de suas religiões. Cristãos, por exemplo, convencem-se ser a reencarnação de Jesus. Infelizmente não peguei nenhum caso assim.
Vista de Jerusalém do Monte das Oliveiras
Pôr do Sol em Jerusalém
"Ninguém tira foto de mim", Mal aê!
Outro programão que o Ofer nos levou foi para acampar na Pequena Cratera, uma cadeia montanhosa redonda, daí o nome cratera. Mas apesar das aparências, trata-se de uma formação natural que não envolveu choque com asteróides.
Acampamos na primeira noite, assando alguns vegetais e comendo humus. Acordamos com o sol para um dia de caminhada. O caminho percorria toda a cratera e envolvia uma escalada, que ao finalizarmos estávamos exaustos.
O caminho porém só terminava no acampamento, o que significava uma senhora caminhada. Para completar o cenário, estávamos com pouca água no meio do deserto. Quando finalmente chegamos no carro, bebemos quase toda a água que tínhamos por lá.
Pula! Pula! Pula!
Estratégia frustrada para escapar dos mosquitos
Voltar ao Mar Morto foi bastante divertido. Claro que não havia o elemento surpresa da primeira vez na Jordânia, mas ainda assim foi bem legal, especialmente pela fonte natural de água formando uma piscina de água doce ao lado do Mar Morto, o unico porém é que a água era rica em enxofre, o que a fazia feder um pouco. Valeu também pela excelente companhia que tivemos, especialmente de uma francesa e finlandesa.
Finalizamos os nossos dias com o Ofer fazendo compras para repor toda a comida que haviamos consumido.
O nosso próximo destino seria Ramallah, maior cidade da Palestina que, ainda ocupada por Israel, seria uma excelente pausa cultural.
O roteiro na Pequena Cratera: