Beirut, a Paris do Oriente!

8 de outubro de 2011



A van me deixou no meio da cidade, já era noite e eu não tinha a menor ideia de onde estava e muito menos de onde iria dormir naquela noite. Nessas situações, o melhor a fazer é encontrar um ponto de acesso à internet, e foi exatamente o que fiz.

Lá, encontrei uma mensagem da Mariana, aquela de Trípoli, sobre nos encontrarmos no dia seguinte ao meio dia. Respondi positivamente e comecei a procurar por hostels. Encontrei dois bastante baratos e bem localizados. Perguntei para um dos que estavam na Lan House sobre onde estávamos e abri no google maps... Não sei para que insisto em fazer isso, ainda não conheci um cidadão local que consegue apontar no mapa o lugar que estamos.

Por fim, o que eu precisava era seguir para o centro e saí perguntando por "Downtown" até encontrar a van que me deixaria lá.

Chegando ao centro, sem saber para onde seguir, perguntei para dois jovens que estavam chegando, como eu chegana na Virgin Megastore (tipo uma FNAC), eles diziam que estavam indo para lá e eu como estava precisando comprar um fone de ouvido (o meu finalmente quebrou, estava tão remendado que parecia uma múmia), resolvi ir com eles.

Fiquei assustado como os caras eram ricos. Primeiro que ele comprou um MacBook Pro, que custava uns 3.500 dólares mais dois iPhones por impulso. O amigo dele tentou fazê-lo pagar pelo meu fone de ouvido (que era meio caro para os meus padrões) mas o cara tava meio cauteloso. Em seguida eles me chamaram para acompanhá-los em uma loja de roupas onde os vi gastando mais 2.500 dólares. Ou seja, no total o cara gastou uns 7.000 dólares em um passeio noturno. Isso é quase o que já gastei em seis meses de viagem.

Despedi-me deles e fui para o hostel, que era bem arrumadinho mas cobrava 10 dólares para usar a internet. Um absurdo sem tamanho, mas como eu não tinha nenhum lugar melhor para ficar, fiquei ali mesmo.

No dia seguinte, saí para encontrar a Mariana, cheguei no ponto de encontro e fiquei esperando, deu meio dia e nada. Em alguns minutos apareceu uma garota perguntando se poderia juntar-se a mim. Começamos a conversar, ela era do Kwait e estava passando as férias por ali, curtindo a liberdade de usar os shorts curtíssimos que ela estava usando por aqui no Líbano. Ela perguntou se eu não queria ir para a praia com ela, claro que não, eu estava ali aguardando a Mariana que naquelas horas já estava quase meia hora atrasada.

O papo ia bem, a Mariana não chegava, bem, uma hora e nada de Mariana, acho que vou para a praia. Combinei com a menina de encontrá-la por ali em 15 minutos, fui ao hostel, troquei de roupa e quando voltei, quem estava lá? Mariana! Que ótimo, estava com medo de não encontrá-la mais. E no final, descobri que o meu relógio estava adiantado uma hora e ela chegara pontualmente no horário. UAU, que injustiça que eu quase cometi. Bem, ao final acabei cometendo outra injustiça, a garota do Kwait nunca saberá porque não apareci.

Andar pelas ruas com uma garota tão bonita com a Mariana, em um país que ainda tem muito de conservador, é uma experiência bastante cômica. Fica muito evidente o quão mais simpáticos, atenciosos e gentis os homens são quando se trata de uma mulher bonita. Mais engraçado ainda é receber um rápido cumprimento deles e ver um longo, alegre e derretido cumprimento para ela. Homens, quão estúpidos somos.

A Mariana tinha um Couch reservado com uma garota local, seu nome era Deborah, ligamos para ela e pegamos o endereço que não era muito próximo do centro, fomos de táxi. Chegando lá, fomos recebidos muito carinhosamente pela Deborah, uma designer, artista e dançarina, que, mesmo estando super ocupada naqueles dias, dedicou um tempo para nos passar algumas infos e dicas da cidade.
Bem, seguimos a dica e pegamos uma van até Rawshee, um rochedo no oeste de Beirut. Chegando lá, ficamos eu e a Marina conversando e fumando Narguile. Foi o momento no qual percebi que ganhei uma companheira de viagem bastante legal.

Iniciamos em seguida o que seria uma longa caminhada até o centro da cidade. Havíamos andado mais da metade do caminho quando distraídos fomos abordados por um senhor de uns cinquenta e tantos anos, totalmente bêbado, querendo um cigarro. Dizia-se americano e que veio sozinho estava querendo puxar assunto seguindo-nos. A Mariana começou a ficar assustada e eu tentando ser polido tentei despistar o cara, mas bêbado não tem muita noção de quando não é bem vindo e continuava insistindo em nos incomodar. Por fim, a Mariana, assustada, atravessou a rua enquanto eu dizia ao bêbado para seguir seu caminho. Ele pegou um táxi e sumiu. Não muito depois o táxi parou ao nosso lado e o Bêbado desceu querendo saber porque a Mariana estava assustada, como que ser seguido por um bêbado desconhecido não fosse motivo suficiente. Por fim, disse à ele que sumisse antes que a conversa terminasse pior, ele finalmente entendeu o recado e sumiu.

Chegamos finalmente ao centro da cidade , um lugar bastante iluminado e bonito que faz jus à fama que Beirut tem de ser a Paris do oriente. Em todos os lugares que olhávamos, haviam lojas caríssimas e ruas bastante iluminadas. As pessoas não faziam pior, bonitonas desfilando com seus modelitos de última moda enquanto jovens playboys mostram o quão potente são seus carrões.

A próxima parada seria um restaurante que havia sido indicado pela Deborah, o problema que para chegar lá, precisávamos caminhar por alguns minutos por ruas mal iluminadas e intimidantes. A Mariana continuava ainda assustada devido ao bêbado de algumas horas atrás, por este motivo imagino que foi muito difícil para ela. Retaurante fechado, acabamos comendo em um lugar forrado de policiais que ficavam tentando me intimidar para se impor como o machão diante da Mariana. Foi uma situação bastante complicada para mim e imagino que não tenha sido confortável para ela, imagino porém que ela esteja acostumada a lidar com isso.

Acabamos a nossa jornada pegando um Táxi até o clube B018, o qual ouvimos ser um lugar bastante especial, com caixões que davam ao lugar um ar tenebroso. Acontece que as nossas expectativas estavam muito aumentadas por tudo o que ouvimos. O clube era interessante, mas as "tumbas" não passavam de bancos de madeira que fechavam sobre si mesmo.

Finalizamos a nossa estada em Beirute no dia seguinte, com uma tentativa frustrada de ir à Jeita , uma caverna que dizem ser fantástica, porém fomos tarde demais e acabamos tendo que voltar. Naquela noite, iríamos ficar na casa de um amigo que a Mariana conheceu no caminho para o Líbano.
Precisamos esperar até muito tarde, mas por fim ele chegou. No começo fiquei um pouco constrangido pelo fato de ficar muito claro que o cara só veio nos buscar por que tinha segundas intenções com a Mariana, e ela soube utilizar essa vantagem para conseguir o que queria. E eu lá perdidaço no meio disso tudo.
Fomos para a casa dele, que não era nada próxima de Beirute, e no dia seguinte ele nos levou para as ruínas de Baalbek, o que relato no próximo post.

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