Os rebeldes da Suécia

7 de março de 2012



Meu vôo para a Suécia custou-me apenas 30€, um preço excelente. Só havia um problema, do aeroporto até a cidade de Gothemburg, era necessário tomar um ônibus a um custo de 20€, legal né?

Cheguei na estação central com um pequeno problema, ainda não sabia onde iria dormir naquela noite, o plano que era de seguir para Falkenberg não deu certo, meus amigos de lá foram para Copenhagen para despedir-se do Yata, que iria para os Estados Unidos. Assim, encontrei uma zona com internet livre e comecei a enviar solicitações no CouchSurfing, e após algumas horas recebi três respostas e a mais interessante parecia ser a Sofie, quando liguei para ela, tive certeza disto. Ela atendeu super feliz e alegre, dizendo que estava contente por eu ter ligado e que estava em uma festa, assim, seu companheiro de quarto iria me encontrar em sua casa.

Resolvi ir caminhando já que não era tão longe assim, chegando ao local, após alguns minutos chegou o Johan, um cara super alternativo com cara de Hippie. Pouco depois, descobri que não era só cara. Seguimos para a casa da Helena, namorada do Johan, eles estavam em meio a um jantar. Quando a Helena me ofereceu, eu disse que tinha acabado de passar no McDonalds, ela fez uma cara e disse: OK, mas não fale mais sobre isso. Eles eram não só vegetarianos como também vegans, e o mais interessante, praticavam o Dumpster Diving.

Do google images

O Dumpster Diving é uma prática que descobri ser comum na Escandinávia, consiste em ir às lixeiras de supermercados e recolher aqueles alimentos que ainda tenham algum potencial de consumo. Segundo eles, é possível viver muito bem desta forma e, para a minha surpresa, a deliciosa torta que eu acabara de comer era feita com vegetais recolhidos desta forma.

Era irônico o fato de que mesmo depois de visitar países pobres, venho a conhecer tantas pessoas que recolhem lixo para comer, apenas quando chego à Escandinávia, a razão disto: alimentos são caríssimos por ali.

Conheci a Sofie apenas no dia seguinte, ela era uma pessoa radiante com uma energia positiva contagiante e um sorriso permanente. Ela estava completamente comprometida pela luta por um mundo melhor e por uma Suécia melhor. Pensei por um instante: A Suécia é praticamente o país perfeito, está entre os três melhores do mundo em praticamente qualquer comparativo que se escolha. Afinal, o que ainda resta para lutar? Bem, descobriria naquela tarde mesmo, uma vez que a Sofie já preparava uma manifestação à qual fui convidado e não hesitei em participar.

O protesto seria realizado na praça central do principal Shopping Center de Gothemburg, o protesto: dançar. Acontece que na Suécia, é proibido dançar em público sem autorização, desta forma eles organizavam uma sessão de dança pública onde cada pessoa ouvia a sua própria música em fones de ouvido, o objetivo principal era elevar a consciência do público para essas leis “sem noção”. Faltou mais o componente informação para que este objetivo fosse atendido, de qualquer maneira dançar feito um retardado junto com um monte de outros retardados é bem divertido.



Tivemos até a visita da polícia que super educadamente solicitaram que não fizessemos muita bagunça, mas não se opuseram ao protesto de nenhuma forma.



Saindo de lá, comprei um par de Semla (algo parecido com um sonho de padaria, mas lotado de creme) e em posse deles, fomos a uma praça cheia de neve onde construímos um boneco de neve que acabou virando uma parede de neve.

Essa aí (de bege) é a Sofie!

A parede de Neve e o Semla

De lá, fomos para a casa da Helena onde haveria uma reunião do conselho revolucionário (eles odiariam esse nome). Lá eles discutiram os próximos passos, novas manifestações e ações, eu fiquei calado a maior parte do tempo, só dei uns pitacos relacionados à falta de foco nas ações.

Mais tarde naquela noite fui, acompanhado do Johan e da Helena a uma festa. Era engraçado, diferente das festas do tipo no Brasil, quase não havia álcool, a razão é o preço quase proibitivo da Suécia. Um lance muito interessante que havia lá, era uma bandeja de frutas variadas e vários pratinhos com diferentes coberturas, chocolate, caramelo etc. Uma delícia.

Havia um casal fazendo uma dança esquisita na sala, perguntei à Helena. Tratava-se de uma Improvisação de Contato (Contact Improvisation) onde duas pessoas improvisam movimentos sendo que a única regra é que seus corpos permaneçam sempre em contato. A Helena era praticante constante disso, acabei, assim, tentando alguns movimentos. Não deu muito certo porque fomos interrompidos por um gordinho bêbado e suado que estava se sentindo solitário.

Improvisação de Contato, do Google Images

No dia seguinte, eu estava ainda acordando quando vi a Sofie se preparando para sair para uma corrida, fui convidado. Eu como sedentário de carteirinha sair em uma corrida não é muito a minha cara, mas a paisagem lá fora estava tão linda com uns 20 cm de neve fresca, esperando por ser pisada. Resolvi acompanha-la então.

Surpreendi-me com a minha capacidade em acompanha-la, fomos até o alto de um monte próximo de sua casa. Ao comer um punhado de neve, a Sofie me lembrou de uma lição importantíssima: Não coma a neve amarela!

Mais tarde naquele dia, recebemos a visita de seus pais, um casal interessantíssimo que tinham várias histórias de viagem interessantes para contar.

No dia seguinte, segui para Varberg, de onde tomaria uma balsa para a Dinamarca, local onde encontraria mais uma vez o Fred!



3 comentários:

Anônimo disse...

Olá Cara td bem?

Sugestão minha: Já que está perto da Noruega, visite a cidade de Tromso. Lá ocorre o fenomeno da natureza mais bonito que imagino, a aurora boreal.. Estou indo em 2013 para vê-la.

Abraçoss

Heberth

Bruno Teixeira disse...

Olá Herbert,

Obrigadíssimo pela dica, na verdade meu blog está um pouco atrasado, na verdade já estou aqui na Noruega, não em Tromso, mas um pouquinho mais ao sul. Vi as auroras algumas vezes já e é um espetáculo lindo de se ver, realmente.

Venha sim, mas venha preparado, pois por aqui é bastante frio em épocas de auroras, além disso, reserve bastante dias pois apesar de ser um evento frequente, nuvens são também bastante frequente o que impedem a visão das auroras.

Continue acompanhando o blog, em breve um post sobre isso.

Grande abraço

Heberth disse...

Valeu por responder..

Já dei umas pesquisadas e realmente é isso... Tem que ir preparado e bem informado... Parabéns pelas viagens, ando acompanhando seu blog.. Estou aprendendo com o blog, por enquanto estou limitado pela grana, mas pretendo conhecer muitas coisas por esse mundo..

Abraçao!

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