Barrados na fronteira, difícil decisão!

25 de setembro de 2011



Reservamos o dia inteiro para tomar caronas até a Síria, era uma distância considerável, mas possível. Para isso, eu e o Yuta pegamos várias caronas. Era a primeira vez dele pegando caronas e ele adorou.  A mais especial foi a carona de uma família alemã de origem turca que decidiram ir pelo caminho mais longo e belo.

A última carona foi com o Ahmed e nos deixou em Antakya por volta das 21h, tarde demais para seguir para a Síria, decidimos pernoitar por lá.
Acordamos cedo e fomos comer algo. Tínhamos precisamente 3,5 Liras Turcas, o que é o equivalente a menos de 2€, para duas pessoas, ou seja, nada. Alguém disse nada? Com isso compramos uma água de 1,5 l, um pãozão enorme, e dois Ayran, uma bebida típica da Turquia que não passa de iogurte aguado, que, apesar de esquisito no começo, é viciante.

Antes disso, passamos na loja do Ahmed, o cara que nos deu carona no dia anterior que nos recebeu muito feliz, as pessoas que trabalham com ele não acreditaram em sua incrível história de resgate de um japonês e brasileiro no meio da estrada.

Saímos em seguida para tentar batalhar uma carona até a Síria, foi bastante complicado, pois ao que parece para a fronteira ninguém quer dar carona. Tentamos por duas horas, sendo constantemente "visitados" por locais curiosos e também por um muleque muito chato que ficava falando para trocarmos nossas câmeras e celulares por uma carona.
Enfim, no final demos o braço a torcer e pegamos um táxi, que após uma divertida negociação, nos levaria até Aleppo por U$ 5 cada, uma pechincha. Saiu barato porque havia uma terceira passageira, uma síria muito gata com a qual não trocamos uma palavra.
Chegando na fronteira, era a hora da verdade, tínhamos que falar com os oficiais de fronteira e conseguir um visto para o Yuta. De cara o oficial nem queria pegar o passaporte dele, mas quando eu mostrei o meu com o visto ele decidiu levar para dentro. Após alguns minutos fomos chamados para uma "entrevista" e no final disseram que teríamos que esperar umas 4 horas.

Esperamos uma hora e meia e percebemos que toda a equipe foi trocada, bem melhor ir falar de novo. Mesmo processo, entrevista e uns dez minutos depois descobrimos que o visto foi negado. Ele teria que pegar o visto na embaixada mais próxima de Gaziantep. Naquele momento o oficial olhou para mim e disse, você tem o visto e pode entrar, Síria ou Turquia?
Essa pergunta não foi uma surpresa e eu já tinha me preparado para ela.
O Yuta pode não ser o melhor companheiro de viagem que eu poderia encontrar, mas passa muito mais segurança viajar com alguém do que sozinho, além do mais ele planejava fazer todo o percurso comigo até o Egito, outro agravante é o fato de que ele só veio naquela direção porque eu sugeri, ou seja, seria muita sacanagem seguir viagem e deixá-lo por lá.
Conclusão, acabei voltando para a Turquia e ganhei um carimbo da cancelamento de saída (o que me causaria um tremendo transtorno).

O oficial nos escoltou até o primeiro controle Sírio e por lá batemos um papo com os outros oficiais. Um deles chegou até a pedir que eu tocasse um samba para ele, coisa que eu tentei fazer na mesa.
Por fim, arrumamos uma carona de volta a Antakya e voltamos para o mesmo hotel. No dia seguinte, arrumamos algumas caronas e seguimos para Gaziantep, onde o Yuta  poderia conseguir um visto.
As caronas até Antakya:

Ida e volta à Síria:

2 comentários:

Aline Proença disse...

Bruno,

Tô gostando muito do seu relato. Leio muitos blogs sobre RTW e o seu mostra que você tem um olhar diferente e aproveita muito mais a cultura local!

Boa viagem!! Não demora muito pra atualizar!!!
Abraços!

Bruno Teixeira disse...

Oi Aline, valeu pelos elogios!
É isso aí, quando viajo, tento me aproximar o máximo que posso da cultura e tradição local. Existem lugares que não tem muito o que oferecer a viajantes exceto a hospitalidade e amizade de seus cidadãos, e para mim é isso o que vale.

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