O lindo mas terrivelmente cansativo cenário do Cairo

20 de novembro de 2011



A balsa chegou cedo ao porto de Nuweiba, uma cidade banhada pelo lindo mar vermelho. Considerei dar uma pausa em alguma cidade por ali, porém já tive o suficiente do mar vermelho quando estive em Eilat. Assim, peguei um ônibus que ia direto ao Cairo.

A viagem era bem longa, mais de sete horas e fui acompanhado de um japonês estranhão, aliás, é quase um pleonasmo chamar viajante japonês de estranho, todos eles são esquisitaços, sem muitas exceções. Eles dificilmente fazem amizade com não japoneses, isso ocorre, pois em geral, o inglês deles é bastante ruim. Assim que chegamos ao Cairo, peguei a dica com ele de um hostel interessante, bem barato e cheio de japoneses com quem conversar.

A cidade do Cairo é um dos lugares mais caóticos que visitei até o momento. O trânsito é coisa de suicida, as ruas são sujas e abarrotadas de pessoas. A rua em que ficava o Hostel, era cheia de vendedores ambulantes que impediam totalmente o tráfego de pessoas. O hostel em si ficava em um prédio caindo aos pedaços, ainda que fosse mais ou menos arrumadinho.

Assim que cheguei saí direto para ver as pirâmides, eu estava com bastante tempo, só não contava com um detalhe: o trânsito do Cairo impede qualquer possibilidade de planejamento. É totalmente caótico com pessoas parando em filas duplas ou triplas e isso é tão normal que ninguém reclama.


As pirâmides em si são mágicas. Impressiona o tamanho delas e imaginá-las sendo construídas é um belo exercício de imaginação. Naquela noite, porém, só pude ver de longe contando com a localização incrível de um KFC/Pizza Hut bem em frente às pirâmides e da Esfinge que possibilitavam uma visão em camarote do espetáculo de “luzes e som” (como eles o chamam) que me possibilitou algumas fotos legais.



No dia seguinte, eu iria ao museu do Cairo, porém era sexta-feira e o museu fechava cedo, conclusão: acabei pegando o ônibus que iria até as pirâmides, agora com mais tempo.


O grande problema que senti no Egito é o constante incômodo causado pelos vendedores querendo empurrar-nos todo o tipo de bugiganga imaginável. Os vendedores egípcios são de longe os mais chatos que já enfrentei até o momento, não é possível andar mais do que 30 segundos sem dizer “não” um par de vezes, sem exageros.

Essa situação me obrigou a pensar pelo lado deles: o Egito encontra-se em um momento delicado politicamente, protestos acontecem diariamente e alguns deles não são tão pacíficos. Turistas, de modo geral, fogem de instabilidades como esta como o diabo foge da cruz, assim, o turismo no Egito vem sendo bastante prejudicado. Quem sofre com isso? Claro os vendedores que dependem destas vendas para sobreviver, vendo em nós estrangeiros como uma das poucas oportunidades de ganharem algum trocado naquele dia, assim, todos eles vem ávidos querendo tirar nosso dinheiro.

Um caso foi o de um cara que estava no caminho da minha foto e veio, todo simpático, oferecendo-se para tirar fotos minhas na pirâmide. Eu, já um pouco mais experiente, sei que todo sorriso que se ganha de locais em lugares como aquele esconde segundas intenções, já fui logo dizendo: “Olha eu não tenho dinheiro para esse tipo de coisa”, ele respondia, “bem vindo ao Egito, não quero o seu dinheiro”, OK.




Foto vai, foto vem: “Senta no camelo”, “Vamos dar uma voltinha rápida”, “Faz pose de beduíno”, blá blá blá...

No final, conforme previsto, ele de posse de minha câmera, resolve cobrar o dinheiro devido pelas fotos e pelo stress causado no camelo. Legal né? Tive que manter a calma para não mandá-lo à PQP e tive que pedir umas cinco vezes para que ele devolvesse a minha câmera. Um stress desnecessário, mas que valeu pelas fotos que tirei. Hehehe

Andando mais um pouco, conheci um cara que me ofereceu uma volta de cavalo, isso me interessou, havia tempos que estava louco para andar de cavalo e ele oferecia um preço bastante justo. Foi muito emocionante correr pelo deserto ouvindo o som abafado das patas do cavalo na areia do Saara. Fomos até um ponto onde se podia tirar essa foto.

Conversando um pouco mais com ele, pude perceber o quão deficitário estava o Egito com relação a turistas que, mesmo sendo numerosos, estavam muito abaixo do normal.
As portas se fechavam cedo, mas os seguranças muito simpáticos permitiram que eu ficasse por mais algumas horas para tirar lindas fotos do pôr do sol naquele lugar mágico.



No dia seguinte fui ao museu Egípcio onde se concentram inúmeras relíquias dos tempos antigos. Fotos não são permitidas, afinal, elas são vendidas a preços salgados por loja oficiais e ambulantes. Ainda assim, consegui tirar algumas.

O item mais impressionante é, de longe, a máscara mortuária de Tutancâmon, esculpida em ouro maciço juntamente com três tumbas lindamente decoradas.

Ambas do Google Images

Mais tarde experimente um lanche de rua que me fez questionar se eu deveria continuar fazendo esse tipo de experimento social (mais detalhes no próximo post).

Voltei para o hotel arrumei as minhas coisas e segui para a estação de trem de onde seguiria para Luxor. Aliás, ali rola uma sacanagem... O preço pago por turistas nessa viagem é três vezes maior do que aquele pago por locais, a desculpa é que colocam vários seguros e taxas sem nos dar a opção de questioná-las. Claro que depois que soube disso, comecei a quebrar o pau toda vez que comprei passagens por lá.
Na plataforma conheci um cara muito gente boa. Ele era de família cristã coopta e estava receoso com o novo governo islâmico do Egito que poderia elevar crimes de intolerância religiosa. Essa difícil situação não tirava, porém, a sua simpatia, me oferecendo inclusive um local para pousar caso voltasse ao Cairo, como existem pessoas gentis nesse mundo, não?

1 comentários:

Mila disse...

aii sim hen Brunão... pegou o contato do carinha ai?? Beijos!

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