O islamismo é tido, pela sociedade ocidental, como uma religião violenta, cheia de pessoas ignorantes e fanáticas. O Marrocos é um país com uma população de imensa maioria islâmica, e, por isso, quando desembarquei aqui, esperava ver exemplos diários desta religião intolerante e radical.
Chegando aqui, tive a oportunidade de, pela primeira vez em minha vida, conversar com seguidores de Maomé. Pude descobrir diretamente com eles, o quão injustos e infundados são os estereótipos de muitas centenas de anos de pregação anti-islâmica em países cristão como no Brasil.
O Marrocos é um país com um multi culturalismo muito grande. Todos os marroquinos com quem falei se diziam islâmicos, uns mais praticantes, outros nem tanto.
Quando estive em Casablanca, conheci o Mehdi, que era um cara muito gente boa, curioso e inteligente. Interrompemos o nosso rolê mais de uma vez para que ele pudesse lavar-se na mesquita, e orar. Quando ele se propôs a falar do Islã, seus olhos brilhavam de uma forma diferente, parecia muito interessado em me mostrar o lado bonito do Islã, o que ele teve sucesso.
Depois conversei com a Camília, que era um pouco mais ingênua e talvez tenha tentado de alguma forma me converter ao Islã. Eu disse que não tinha religião, mas não cheguei a dizer que não acreditava em Deus. Não tinha certeza de como isso é recebido por pessoas islâmicas, além disso, ela também não perguntou.
A última pessoa com quem falei sobre o Islã foi a Mina, , uma professora universitária algeriana da área de Educação em Química. Foi outra conversa absolutamente fantástica sobre todos os aspectos que cercam o mundo árabe e islâmico, desde de Israel, morte do Bin Laden, futuro do Islã, diferenças culturais etc.
Foi dela a frase: "Quanto mais se pensa na Bíblia, menos se acredita. Quanto mais se pensa no Corão, mais se acredita". Foi uma conversa que me deu muito o que pensar me tirando várias horas de sono, levando muitos outros preconceitos para o ralo.
Os islâmicos com os quais falei, eram todos muito inteligentes e conhecedores de muitos aspectos do cristianismo, sabiam muito mais do cristianismo do que um cristão médio sabe do Islã. Todos eles tinham a cabeça bastante aberta e respeitavam bastante qualquer aspecto cultural discrepante dos seus.
Ao final, acabei saindo com a impressão de que os islâmicos são muito mais tolerantes do que muitos dos cristãos que conhecemos. E se olharmos a história, os cristãos tem um histórico de intolerância muito, mas muito pior que o islamismo. É fato por exemplo, que Judeus e Islâmicos sempre conviveram em paz até iniciar a questão de Israel. Por outro lado, os Judeus foram sistematicamente perseguidos por cristãos desde os tempos do império romano. Escrevi sobre isso há algum tempo para o blog Um deus em minha Garagem : O Cristianismo e a Intolerância Religiosa.
Com relação às proibições do Islam, a maioria delas focam principalmente na ideia de que o homem precisa agir sempre com a razão ao seu lado. É por este motivo que drogas como Maconha e Álcool são proibidos. O fato de as mulheres terem de se cobrir ao máximo, tem também relação a isso: quando se expõem, podem levar os homens a serem menos imparciais em seus julgamentos.
Infelizmente no Marrocos, turistas (como eu) não podem entrar em Mesquitas, isso ocorre, segundo me informaram, como uma retaliação à proibição de uso de véu por mulheres islâmicas nas ruas da França e, isso acaba fazendo sentido uma vez que, a maioria dos turistas que vão ao Marrocos são franceses.
As recentes associações do Islã ao Terrorismo, ocorre principalmente devido o uso da mensagem do Corão por líderes buscando voluntários a mártires. Essa não é, é claro, uma novidade. A mensagem religiosa das mais diversas origens tem sido utilizadas para justificar guerras desde muito tempo atrás, exemplo das cruzadas, e mais recentemente com George Bush em sua luta contra o "eixo do mal". Felizmente, a maioria dos islâmicos não corroboram com este pensamento, o que é um alívio.
8 comentários:
Legal ouvir isso de um ex companheiro de blog, que viveu a experiência pessoalmente =)
Kosmic Genesis
Mto bacana o comentário, estou escrevendo um trabalho sobre como as religiões cristãs se desenvolvem em ambientes / países islâmicos, e este ponto de vista é mto útil p/ quebrar certos paradigmas q tenho sobre o assunto
Gabriel Castro
Será que após as ultimas demostrações de cordialidade e gentileza dos fanáticos islamistas atacando embaixadas, matando pessoas, em nome de Maomé você ainda continua achando a imagem que estamos vendo deturpada?
Honestamente vejo deturpada a ideia de se matar em nome de um profeta ou de um deus.
Olá Bruno!
Muito interessante seu texto. Eu também tive essa experiência quando viajei para o Egito. Eu era católica e antes de eu ir, muita gente falava que eu ía ser mal tratada por ser cristã devido lá ser um país de mais de 90% de muçulmanos. Para minha surpresa, fui muuuuuito bem tratada. Me casei com um egípcio muçulmano (com quem sou casada a 7 anos graças a Deus) e segui normalmente com minha religião por 5 anos. Por curiosidade minha, já havia anos que estudava sobre o Islam e decidi me converter pois eu não tinha mais dúvida da grandeza dessa religião. Converti a 2 anos e meio graças a Deus e ano passado, depois de já ter ido 3 vezes ao Egito como cristã, fui pela primeira vez como muçulmana. Foi uma grande emoção rezar com as pessoas lado a lado! O Islam é a minha vida :)
Não é muito difícil de imaginar um católico se convertendo para qualquer outra religião, pois o catolicismo romano não passa de um covil de cobras incrustado de uma falsa piedade. Com isso seus fiéis são desprovidos de verdades eternas, de salvação e do nosso SENHOR JESUS CRISTO.
Uma pessoa que se dizia cristã e se converte ao islamismo, está mostrando a firmeza que o catolicismo passa aos seus fiéis iludidos.
Para fundamentar o que falei até agora, deixo esses versículos: "E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?
E eles disseram: Crê (que está co-relacionado com obedecer) no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa."
Atos 16:30-31
Olá, Bruno, gostei bastante do seu texto e, realmente, faz muito sentido, essa ideia formada que temos do Islamismo é extremamente enquadrada no senso-comum. Entretanto, gostaria de abrir uma ressalva onde você cita o Brasil como sendo cristão. É o seguinte, creio que saiba que nosso país é totalmente miscigenado, certo? Sendo assim, não temos uma única cultura, uma única crença, uma única religião/doutrina/ceita. Com isso, o Brasil é classificado como um país laico, ok? Abraços! =)
Acho que o Brasil é laico constitucionalmente, mas na prática a religião majoritária é o cristianismo, são mais de 85%. Por isso o Brasil é tido sim como um país cristão. Quanto ao texto, é muito imaturo concluir tanto com tão pouco. No estudo do cristianismo e do islamismo, ambos mostraram sua face fundamentalista em diferentes momentos da história com total intolerância, causando guerras e consequente mortes daqueles que ambos dizem serem infiéis. Mesmo assim, também ambas tem mensagens de transformação do indivíduo em pessoas melhores e até testemunhos vivos de sua fé. Querer dizer que uma é melhor que a outra está muito baseado em opiniões pessoas e até preconceitos.
Sério, os caras matam cristãos, judeus e outras minorias e tem imbecil que ainda fala que eles(Islã) são mais tolerantes...
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