Foi uma longa viagem até chegar em Luxor. Eu não sabia o que
esperar de lá, lembrava de ter lido sobre o vale dos reis e de ter visto uma
foto de estátuas enormes de faraós, além é claro, da fama daquela cidade, todos
os que vão ao Egito falam das pirâmides de Giza, Luxor e Aswan.
Eu peguei com uma chinesa no hotel do Cairo, a dica de um
hotel em Luxor, ficava bem localizado e era bem baratinho, o equivalente a 2,5
€ (uns R$ 6) por um quarto individual, pois é, esses são os preços do Egito.
Era cedo ainda, então decidi sair para andar.
Tentei alugar um cavalo mas não rolou, muito caro, quase
duas diárias de hotel para uma hora de cavalgada (palhaçada né?). Os taxis queriam
cobrar uma fortuna para me levar até o ponto de venda de tíquetes, acabei
pagando 20 vezes menos em um ônibus local.
Peguei a dica com um Australiano e comprei um tíquete para
as ruínas de Medinet Habu, eram enormes e muito bem conservadas,
considerando-se a idade de mais de 3 mil anos.
De lá segui para o vale dos reis. Uma van local queria me
cobrar o equivalente a duas diárias de hotel para me guiar pelos 7 quilômetros
até a entrada do vale dos reis. Tentei negociar enquanto o carro já estava em
movimento, assim, o trajeto ia diminuindo e, como não chegamos em um acordo, eu
mandei ele parar e eu desci. Havia um grupo de artesãos bem próximos de onde eu
estava, e eles me chamaram para sentar com eles.
Foi uma experiência interessante ver a mudança de
comportamento deles do típico comportamento de vendedor que me viam apenas como
um turista endinheirado para o comportamento gentil e hospitaleiro depois de
ouvirem sobre minha viagem na Palestina, Israel e Síria. Convidaram-me para o
almoço e ainda me deram uma carona até o Vale dos Reis.
Achei o Vale dos Reis um lugar muito sem sal. Trata-se
apenas de um monte de cavernas sem graça com algumas pinturas na parede (nada
de surpreendente, ainda mais considerando-se o que eu já vira na ruína
anterior), só chama um pouco a atenção as cores que continuam vivas, mas não
vale o preço que se paga (umas 4 diárias
de hotel). Ainda cobravam uma taxa extra para ver a tumba de Tutankhamon (que
eu deixei passar).
Fiquei mais um dia em Luxor apenas por queria ver Karnak,
esse lugar sim, valia muito a pena. Obeliscos e ruínas enormes que superaram
todas as minhas expectativas (que estavam baixas depois do Vale dos Reis).
Na saída, um cara queria me cobrar uma diária de hotel por
um sorvete. O cara era um fanfarrão.
Naquele mesmo dia, peguei um trem para Aswan cheguei meio
tarde por lá e saí à procura de quartos tão em conta como aqueles de Luxor,
demorou mas encontrei. Fiz também uma negociação bastante bem sucedida
(considerando o preço que vi outro cara pagando depois) para ir até as Ruínas
de Abu Simbel, que foram transferidas para um lugar mais alto durante a
construção de uma represa. O ônibus saia umas 5 da manhã então eu quase não
dormi naquela noite.
Chegando lá, era exatamente o lugar que eu havia visto em
uma foto e não sabia onde era. O local foi construído em homenagem ao faraó Ramsés
II. Reparem na estátua quebrada, isso aí é obra de um terremoto pouco depois de
ter sido construída.
No dia seguinte, me juntei a um coreano para visitar alguns
lugares que ficaram faltando, mas a viagem foi uma bosta, todos os lugares
totalmente sem graça e que se tratavam apenas de uma armadilha para levar
alguns trocados de pobres viajantes como eu.
Bem, eu já estava muito mais do que satisfeito com tudo o
que vi no Egito, vi as pirâmides, ruínas e museus, porém, todas essas
maravilhas eram ofuscadas pelo modo horripilante dos egípcios fazerem negócios.
Eles são excessivamente chatos, e toda essa insistência para me fazer gastar já
estava me deixando nervoso. E de tão nervoso que eu estava, comprei o mais cedo
possível um vôo para fora do Egito, o país escolhido foi a Grécia.
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