Meknes: O dia que me tornei imã de mulheres.

6 de junho de 2011

Uma hora de atraso no trem de Casablanca para Meknes, perguntei para o segurança, seria o próximo, a placa eletrônica confirmava, o trem chegou, entrei, parada final: Trem Errado, tinha que ser comigo.
Mas naquele dia eu estava com sorte: A última parada do trem errado que eu peguei era uma das paradas do trem certo que eu deveria pegar. Mais meia hora de atraso e ele chegou lotadaço. A viagem foi tranquila, apesar de eu ter ficado de pé a maior parte das 2 horas.
Cheguei na estação de Meknes, uma caminhada de 1,9 km, moleza. Na parte em que eu estava, era uma cidade moderna como qualquer outra, todo o charme dela se concentra no centro, como todas as cidades marroquinas.
Cheguei no Hostel, lugar lindo, sem vagas. O cara só podia estar de brincadeira, liguei na noite anterior e me confirmaram reserva. Quebrei o pau, conseguiram um quarto de quatro camas para mim, todas elas vazias até o dia seguinte, que fui embora, isso porque não haviam vagas... Complicado.
Fui andar na cidade. Uma pequena caminhada até o centro, um lindo pôr do sol no caminho, palco perfeito para algumas fotos.
Parei para comer em um botecão, agora meu esquema é só esse, comida boa e barata nos lugares sujos,  zuados e lotados de marroquinos. Logo em frente duas garotas, uma delas não tirava os olhos de mim. Excelente. Eu lá comendo e ela lá, dando sorrisinhos, fazendo gestos, até o namorado dela chegar, e pior quando saiu colocou a mão na minha nuca e disse "Bon Appetit", doida mesmo...
Ao terminar, continuei a caminhada até o centro da cidade. O lugar é imenso e majestoso, não à toa o local é conhecido como cidade imperial.


Parei para tirar algumas fotos, passou um grupo de garotas, sorrisinhos, comentários, todas olhando e se perguntando quem viria falar comigo... Caramba, o que acontece nessa cidade?
Enquanto o grupo discutia, do outro lado vieram duas amigas dando as boas vindas ao Marrocos e à cidade de Meknes. Logo em seguida chegou um bombadão, encrenca na certa, namorado de uma delas, já ia agradecendo e me despedindo quando a mais gatinha e simpática se despediu dos dois e se ofereceu para ser minha guia da cidade...
Seu nome era Camilia, 18 anos, estudante de economia. Me levou à rua onde morava e disse que pegaria uma blusa e já voltava, a alguns metros dali, eu a vi discutindo com uma mulher que parecia ser a sua mãe, na volta, estava acompanhada de sua prima.
Me levaram à uma rua da medina onde havia um vendedor, no qual ela comprou um pacotinho com o que pareciam ser sementes de girassol torradas, me deu de presente.
Seguimos andando por belíssimas paisagens.

Ela disse que iria pegar uma blusa em sua casa e já voltava, enquanto isso, me deixou conversando com sua tia, uma senhora muito simpática que, mesmo com muita dificuldade no inglês, conseguiu ser uma excelente anfitriã até que sua sobrinha voltasse.
Quando voltou, agora sem sua prima, sentamos em um banco e começamos a conversar. Não percebi nela nenhum pingo de vulgaridade e safadeza (como da menina do restaurante). Ela parecia um tanto quanto despretensiosa e inocente.
Conversamos um pouco de tudo, ela se mostrou bastante interessada em me explicar como funcionam as coisas do Islam, e ela, bastante devota, superava as suas dificuldades com o inglês para tentar justificar os absurdos da burca e de algumas proibições do islamismo. Ao final, tentava me convencer da validade e realidade do corão. Foi uma excelente conversa que, apesar de tudo, serviu para quebrar diversos preconceitos que eu, e quase todos aqueles de background cristão possuem sobre o Islam. Ficamos de nos reencontrar no dia seguinte, às 17h, o que não aconteceu. O porque no próximo post.

O itinerário de hoje:

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