Da qualhada ao Nirvana: A história de uma diarréia Budhica

23 de maio de 2011

Estavva tirando uma soneca da tarde quando fui acordado por um som esquisito, vindo do meu intestino. Pude perceber naquele momento o que estava por vir, e não era nada bom.

Lembrei-me do meu almoço, um sanduiche simples, nada que pudesse causar aquela reviravolta, exceto pela sobremesa: uma deliciosa taça de qualhada fresquinha, uma delícia; tão deliciosa que não foi só uma, foram duas. Meu intestino agora cobrava satisfações por tamanha irresponsabilidade.

Os banheiros do marrocos são bastante diferentes daqueles que estamos acostumados. É daqueles que precisamos agaixar, uma posição bastante desagradável. No lugar onde esperaríamos encontrar papel higiênico, encontramos uma torneira e um pequeno balde... Não gosto nem de imaginar como é que eles se limpam, e pior ainda, que todas aquelas mãos, que fizeram tudo o que comi nesses dias, estivessem envolvidas nesse processo.

Claro que essa foto é antiga, o de hoje não era tão limpo.

Felizmente pude antecipar-me à terrível vontade de liberar as emoções agaixado naquele buraco no chão, o que me deu tempo suficiente para lembrar de um detalhe: não tenho papel higiênico, e limpar-me como fazem os cozinheiros daqui, não é uma opção. A solução seria sair para encontrar algum lugar que vendesse aqueles lenços de papel salvadores.

Não tinha muito tempo, já conseguia sentir o meu intestino se moendo, a hora estava chegando, eu tinha que ser rápido. Chegando na loja, não tenho a menor idéia de como se pede por lenço de papel em árabe, muito menos em francês, o jeito era fazer mímica. Me senti como naquelas competições de progrma de auditório, o tempo acabando e vc tentando fazer o cara entender o que voce quer. O cara entendeu! Estou me tornando especialista emm linguagem de sinais ultimamente.

É impressionante como o fator psicológico influencia, o simples fato de você saber que a hora de abrir a porteira tá chegando, faz com que a boiada fique mais furiosa. Cada passo foi uma tortura, os cem metros que me separavam do hotel pareceram quilômetros, sentia calafrios pelo corpo, acho que não vou conseguir.
A hora da verdade é quando vc chega na porta do banheiro, a concentração tem de ser absoluta para segurar até o momento certo. Como é difícil acender uma lâmpada neste estado, trancar a porta? Quem precisa disso?

A hora chegou, preparar, apontar, FOGO! Todo aquele sofrimento acabou com apenas uma rajada certeira de menos de um segundo, quase como um tiro de escopeta, deu até pra sentir o tranco.
Eu quase podia ouvir as trombetas do paraíso naquele momento. Deve ser por isso que dizem que o Buda morreu após uma crise de diarréia. Talvez seja isso o que eles chamam de nirvana.

4 comentários:

Mila disse...

Bruno...... mas me diga uma coisa: qual foi o gesto que você fez para o cara da loja, onde comprou os lenços de papel, para que ele entendesse o que vc queria??? Estou aqui, pensando: se eles não se limpam com papel, como ele te entendeu?? :)

Bruno Teixeira disse...

Fiz como se tivesse limpando o nariz e apontei para o que seria um lenço de papel imaginário. Se não tem papel higiênico, lenço de papel também serve. hahahah

Aline Proença disse...

Bruno, comecei a ler seu blog a poucos dias (planejo uma RTW e tenho lido muitos blogs sobre o assunto). Confesso que não li nenhum relato tão engraçado e curioso como o seu. Todo mundo fala apenas do lado bom das viagens. Nunca tinha parado pra pensar como era um banheiro do Marrocos... Adorei!!! Boa viagem!!!

Bruno Teixeira disse...

Oi Aline, que bom que meu blog esta-lhe sendo util.
Uma RTW tem muitos momentos excelentes, mas eh claro que tem os seus momentos ruins, esse nao foi nem de longe o pior deles. Ainda preciso escrever mais sobre alguns deles.
Se houver qualquer coisa que eu possa lhe ajudar alem do blog, nao hesite em me escrever.

Beijos

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