Os mil aromas de Fez

16 de maio de 2011

Acordei cedo aquela manhã, li em várias fontes de que as ruas da Medina de fez eram um labirinto enorme, e que se quiser explorá-la decentemente vc precisará de tempo. Bem, tempo eu tinha, mas nada que eu pudesse ter lido poderia me preparar para aquele dia.
Ainda era muito cedo e os comerciantes que lotam as ruas de fez ainda não haviam montado suas barracas de frente ao hotel, isso foi bastante relevante naquele momento, uma vez que quando voltei, tive uma tremenda dificuldade em encontrar o hotel: a rua havia mudado completamente.



A primeira coisa que chama atenção nas ruas da medina de Fez é a bagunça absoluta, a competição ferrenha por espaço deixa todas as ruas muito estreitas. Lembram-se de eu comentando quão estreitas eram as ruas do centro histórico de Barcelona? Aquilo não é nada comparado a Fez.
Existem ruas que de tão estreitas, nós temos de passar de lado, outras ainda, temos que nos curvar para passar. A bagunça é tanta, que o único lugar comparável que me veio à mente são as favelas.


Por volta das dez horas da manhã as ruas de Fez são tomadas por comerciantes, existem comerciantes de tudo o que podemos imaginar. Frutas e legumes, que diariamente fazem com que as ruas pareçam feiras livres. Açougueiros que, sem o luxo de refigeradores, expoem, cortam e vendes suas carnes de maneira não muito higiênica. Frequentemente alguém interrompe nossa caminhada com sussurros da palavra "Haxixe".
Mas de todos os comerciantes são os de especiarias que fazem das ruas de Fez incomparáveis. Os árabes por milhares de anos centralizaram todo o comércio e distribuição de temperos e especiarias no mundo. Isso fez com que eles se tornassem os maiores especialistas de todos os povos, e é nas ruas de Fez que podemos sentir isso na pele, ou melhor, pelo olfato.
O cheiro das ruas de Fez, fazem desta a qualidade mais marcante da cidade. Em cada lugar, que entramos há um cheiro diferente e único.

Naquele primeiro dia, enquanto andava perdido pela Medina, vi um grupo enorme de turistas saindo por uma portinha escura, decidi entrar e investigar. Era uma fábrica de tecidos que utilizava teares manuais para a produção de lindos véus e tecidos, o processo deve ser o mesmo por milênios.

Em seguida um garoto me abordou na rua perguntando se eu gostaria de conhecer gratuitamente o curtidouro, local onde é fabricado couro. Tinha ouvido falar e decidi ir, desconfiado.
O local é tão fedido que eles nos oferecem folhas de hortelã. O processo utilizado é também o mesmo de alguns milênios atrás, para obter amônia eles utilizam cocô de pombo, daí o aroma agradabilíssimo.
Apenas corantes naturais

E sim, pessoas trabalham enfiadas no cocô de pombo

Na saída, como nada é gratuito em Fez, me levaram para conhecer os produtos acabados. Jaquetas, bolsas, chapéus, nada me interessou realmente. Perguntei o preço de uma bolsa para carregar o passaporte cêmera e celular, o preço 70 €. Muito caro, e eu nem tinha gostado... Decidi sair sem nada. O povo lá se tornou MUITO agressivo, achei que ia apanhar, sério. Saí de lá correndo.
No dia seguinte segui um roteiro de caminhada dos templos e palácios, que terminava em um lindíssimo parque ao lado da Medina.

Mais tarde, fui em algumas ruínas do lado de fora da medina, e de lá podia-se ver a Medina inteira.

Roteiro do primeiro dia de Fez:


Segundo dia em Fez:


De Fez segui viagem para Merzouga, uma cidade de frente para o Saara marroquino, com as maiores dunas daquele país.

De Fez a Merzouga:

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