Grécia: passagem relâmpago, mas que valeu!

17 de dezembro de 2011


Depois de quase três meses, estava eu de volta à Europa. Ainda restava uma leve preocupação com a minha entrada na área de livres fronteiras, mas a entrada foi bastante tranquila a não tive nenhum problema. Era um alívio estar de volta à Europa, cidades limpas, organizadas e, o mais importante, sem vendedores para me tirar a paciência. Só havia um problema, preços europeus e, ainda assim, a Grécia é um dos países com os melhores preços.

Desta vez me planejei com antecedência e entrei em contato pelo CouchSurfing com uma garota que vive em Atenas e que poderia me hospedar. O apartamento era super pequeno, porém com uma varanda enorme com uma vista magnífica. A Irina, era uma estudante de fotografia vinda, através do Erasmus (programa europeu de Bolsas de Estudo), da Bielorrússia.

Com ela fui ao Parthenon e no museu arqueológico da Grécia. Apesar de todo o apelo histórico, e da importância daqueles lugares, não fiquei muito empolgado.



Sinto falta daquela excitação por novos lugares que marcou os meus primeiros meses de viagem. Hoje em dia, mesmo diante de uma das maiores obras da arquitetura antiga, fiquei mais interessado nas aulas grátis de composição fotográfica, que a Irina me deu, do que no lugar que estávamos.


A Irina era um tipo meio esquisito. Estávamos andando pelas ruas, quando vimos alguns restos de pão de gergelim (Típico da Grécia) jogados no lixo. A Irina parou e comentou que não conseguia ver comida sendo jogada fora os guardou para dá-los a um desabrigado alguns metros à frente. Eu fiquei sem saber o que dizer diante de tamanho desrespeito com o desabrigado que achava que recebia comida de qualidade e não restos de lixo.


Fiquei mais uma noite em seu apartamento e segui viagem na manhã seguinte. Na despedida a Irina separou algumas frutas e pão (lembrei do dia anterior) joguei quase tudo fora.

Ainda não tinha rumo. Abri, portanto o guia, e acabei decidindo ir para Lamia, a cidade mais próxima das Termópilas, local lendário onde Leônidas e seus trezentos soldados espartanos enfrentaram as tropas persas muito mais numerosas. Recebi uma resposta positiva da Niki do CouchSurfing, e depois de tentar pegar carona por algumas horas, segui viagem de trem.

Cheguei em Lamia bastante tarde e quando estava começando a me preocupar em como entraria em contato com ela, lá estava ela a me esperar ao lado da estação de trem. Eu era o seu primeiro hóspede pelo site, e ela estava toda animada mostrando uma hospitalidade que não é nada comum de se ver.

Enquanto seguíamos para a sua casa, ela comentou de um grupo de viajantes que estava acampando na praça principal da cidade e que queria conversar com eles. Chegando lá, já fui me apresentando e encontrei um grupo daqueles viajantes ultra budget. Iriam dormir na praça, pois queriam economizar em hostel. Estavam bêbados e fedidos, não tomavam banho há mais de três semanas. Eram 4 britânicos, 2 canadenses e 1 australiano, trabalhavam em uma ilha grega e agora dirigiam-se à Barcelona via Itália, tendo um trajeto muito parecido com o meu.

Achei tentadora a ideia de viajar com eles e aprender o máximo sobre como viajar com pouquíssimo dinheiro. Meu budget ainda tem alguma folga, mas essa lição seria importante para quando eu chegasse mais longe em minha viagem e quando dinheiro começasse a ser um problema. Ao final, acabei combinando de me encontrar com eles no dia seguinte.


Na casa da Niki, ela me preparou uma salada grega deliciosa e bastante rápida, utilizando pepino, tomate e queijo fetta, que parece queijo fresco mas tem um sabor muito mais forte. Ficamos trocando experiências de viagem, vendo fotos e acabamos indo dormir muito tarde. Fiquei preocupado com ela, afinal, ela teria que trabalhar e eu poderia dormir o quanto quisesse no ônibus. Nos despedimos na manhã nublada e fria do dia seguinte.


Encontrei a turma em um café e seguimos viagem. A primeira parada foi um supermercado conde compramos alguns vinhos. Pegamos um ônibus para Ioanina no caminho para Iogoumenitsa de onde saem as balsas para a Itália. A merda foi que eu acabei exagerando no vinho e lavei o chão do ônibus com a mistura estomacal resultante de todo o vinho que bebi, não foi legal. O pior veio depois quando o motorista veio cobrar pela limpeza, a conta: 90 €, eu achei caro, mas não estava em condições para negociar, ainda mais em Grego.


Já na hora da balsa, os irmãos canadenses não puderam seguir viagem, pois a garota perdeu o passaporte, dia desses? Não, já fazia meses. Baita vacilo que culminou com eles tendo que se separar do grupo. Bem, o clima ficou pesado, mas a viagem tinha de continuar, e continuará no próximo post.


O Vale do Nilo


Foi uma longa viagem até chegar em Luxor. Eu não sabia o que esperar de lá, lembrava de ter lido sobre o vale dos reis e de ter visto uma foto de estátuas enormes de faraós, além é claro, da fama daquela cidade, todos os que vão ao Egito falam das pirâmides de Giza, Luxor e Aswan.

Eu peguei com uma chinesa no hotel do Cairo, a dica de um hotel em Luxor, ficava bem localizado e era bem baratinho, o equivalente a 2,5 € (uns R$ 6) por um quarto individual, pois é, esses são os preços do Egito. Era cedo ainda, então decidi sair para andar.

Tentei alugar um cavalo mas não rolou, muito caro, quase duas diárias de hotel para uma hora de cavalgada (palhaçada né?). Os taxis queriam cobrar uma fortuna para me levar até o ponto de venda de tíquetes, acabei pagando 20 vezes menos em um ônibus local.

Peguei a dica com um Australiano e comprei um tíquete para as ruínas de Medinet Habu, eram enormes e muito bem conservadas, considerando-se a idade de mais de 3 mil anos.




De lá segui para o vale dos reis. Uma van local queria me cobrar o equivalente a duas diárias de hotel para me guiar pelos 7 quilômetros até a entrada do vale dos reis. Tentei negociar enquanto o carro já estava em movimento, assim, o trajeto ia diminuindo e, como não chegamos em um acordo, eu mandei ele parar e eu desci. Havia um grupo de artesãos bem próximos de onde eu estava, e eles me chamaram para sentar com eles.

Foi uma experiência interessante ver a mudança de comportamento deles do típico comportamento de vendedor que me viam apenas como um turista endinheirado para o comportamento gentil e hospitaleiro depois de ouvirem sobre minha viagem na Palestina, Israel e Síria. Convidaram-me para o almoço e ainda me deram uma carona até o Vale dos Reis.


Achei o Vale dos Reis um lugar muito sem sal. Trata-se apenas de um monte de cavernas sem graça com algumas pinturas na parede (nada de surpreendente, ainda mais considerando-se o que eu já vira na ruína anterior), só chama um pouco a atenção as cores que continuam vivas, mas não vale o preço que se paga (umas  4 diárias de hotel). Ainda cobravam uma taxa extra para ver a tumba de Tutankhamon (que eu deixei passar).



Fiquei mais um dia em Luxor apenas por queria ver Karnak, esse lugar sim, valia muito a pena. Obeliscos e ruínas enormes que superaram todas as minhas expectativas (que estavam baixas depois do Vale dos Reis).





Na saída, um cara queria me cobrar uma diária de hotel por um sorvete. O cara era um fanfarrão.

Naquele mesmo dia, peguei um trem para Aswan cheguei meio tarde por lá e saí à procura de quartos tão em conta como aqueles de Luxor, demorou mas encontrei. Fiz também uma negociação bastante bem sucedida (considerando o preço que vi outro cara pagando depois) para ir até as Ruínas de Abu Simbel, que foram transferidas para um lugar mais alto durante a construção de uma represa. O ônibus saia umas 5 da manhã então eu quase não dormi naquela noite.

Chegando lá, era exatamente o lugar que eu havia visto em uma foto e não sabia onde era. O local foi construído em homenagem ao faraó Ramsés II. Reparem na estátua quebrada, isso aí é obra de um terremoto pouco depois de ter sido construída.





No dia seguinte, me juntei a um coreano para visitar alguns lugares que ficaram faltando, mas a viagem foi uma bosta, todos os lugares totalmente sem graça e que se tratavam apenas de uma armadilha para levar alguns trocados de pobres viajantes como eu.




Bem, eu já estava muito mais do que satisfeito com tudo o que vi no Egito, vi as pirâmides, ruínas e museus, porém, todas essas maravilhas eram ofuscadas pelo modo horripilante dos egípcios fazerem negócios. Eles são excessivamente chatos, e toda essa insistência para me fazer gastar já estava me deixando nervoso. E de tão nervoso que eu estava, comprei o mais cedo possível um vôo para fora do Egito, o país escolhido foi a Grécia.