Linda, loira e perigosa!

24 de abril de 2011

No último dia de ilha, não havia grandes planos. Apenas uma chamada entre o meu pai e o Pedro, seu primo e companheiro de futebol na infância. Mas os planos mudaram quando eu desci para o café da manhã e conheci uma mulher que, para a minha segurança, vou chamar de Paula. Uma mulher que parecia ter saído de um catálogo de moda: cabelos loiros, olhos azuis, alta e linda.

Começamos a conversar. Ela, médica especialista em vida saudável, veio a Madeira para curtir ferias antes de começar um novo projeto. Planejava dar uma volta pela parte norte da ilha e, como viajávamos sozinhos, perguntou-me se eu não gostaria de acompanhá-la. Esse foi um daqueles convites que por si só já seriam tentadores, porém, vindo de uma mulher como aquela, seria estupidez dizer não. A ligação do Pedro, que eu tinha imaginado fazer logo em seguida ao café, diante destas circunstâncias, acabou ficando para mais tarde, eu sabia que o Pedro entenderia.
As coisas começaram a ficar estranhas quando ela disse mais detalhes de si enquanto estávamos na estrada.
Seu esporte preferido era o tiro ao alvo, que ela praticava principalmente nas temporadas de caça e que após muita prática e experiência, lhe garantiu o a autorização de porte integral de armas de fogo. Além disso, resolveu tirar autorização para dirigir veículos pesados como caminhões tanque e tratores, habilidade importante quando ela expandisse sua fazenda. Todos esse hobbies ela praticava quando havia espaço em seus plantões médicos e na sua carreira de modelo fotográfica.
Até aí, tudo bem. Nada de mais em uma modelo, médica, agricultora e caminhoneira armada. Meu primeiro susto foi quando andando a uns 60 km/h em uma rodovia cheia de curvas e beirando precipícios, ela resolve fazer sem motivo aparente algum uma parada brusca, dessas de cantar pneu. Ela pediu desculpas pelo susto, deu uma ré e parou o carro. Ela tinha visto algumas flores exóticas e queria fotografá-las, meu coração quase saiu pela boca por uma foto de uma flor. Estaria tudo bem se isso não tivesse se repetido por mais umas três vezes.
Em uma dessas paradas inclusive, achamos uma flor que ela disse ser comestível. Resolvi pegar algumas para experimentar, mas antes, é claro, esperei ela comer a dela. Também não sou trouxa, né?
 

A flor tinha um sabor muito parecido com o de agrião.

Tudo isso não havia me preparado para o momento que descobri que ela era realmente doida. Ela dizia que as pessoas tinham que aprender a cultivar seus próprios alimentos, uma vez que o colapso mundial estava próximo, e ela estava certa disso. Além de conhecer pessoas influentes, ela sabia que o fim estava próximo porque isso estava escrito na Bíblia, esse era o motivo pelo qual ela dedicava-se na carreira da medicina da vida saudável, pois assim ela poderia ajudar as pessoas na busca pela vida eterna prometida por Deus (palavras dela, juro).

Eu, ateu que sou, não costumo evitar esse tipo de discussão, mas dadas as circunstâncias, achei melhor não contrariar. Concordava inclusive falando "sim, é claro, os sinais são claríssimos". Temia que, discordando, ela resolvesse jogar o carro no abismo com o intuito de me mostrar o reino dos céus, vai saber.

Apesar dos sustos, o passeio foi ótimo, infelizmente não foi possível dar a volta em toda a ilha, a viagem era um pouco maior do que o tempo que tínhamos nos permitia fazer.




Mais tarde naquele dia, contei com a carona da Silvia e da Sofia até o aeroporto, onde peguei o voo para Lisboa.

Chegando lá, liguei para alguns amigos que também estavam de passagem em Lisboa e fomos ao Bairro Alto tomar algumas. Ao final fomos um bar brasileiro, muito divertido. Haviam lá, várias africanas lindíssimas, o único problema é que junto com elas estavam também uns negrões boladões.

Animados com a música demos vazão à nossa criatividade artística e, após muito ensaio e suor, criamos a seguinte coreografia:

Os caminhos seguidos neste dia foram:

Clique duplo para exibir as fotos.

1 comentários:

Tiago Esteves disse...

Incrível a tua história com a Paula. Estou a adorar ler as tuas viagens pelo meu pais. Fica garantido que vou ver as outras também ;)

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