Évora: das ruínas romanas à Capela dos Ossos

28 de abril de 2011


Cheguei em Évora por volta das 23h, tudo tranquilo, já havia reserado o Hostel, nada poderia dar errado, certo? Errado, o caminho para o Hostel não estava certo, o mapa também não. Já era meia noite e eu não encontrava o bendito Hostel.
O legal é que eu não tinha anotado o nome do hostel, achei uma pensão mais ou menos no local descrito, recepção vazia. Achei uma pousada cujo o dono conhecia o hostel que eu estava procurando, ficava do lado. Tocou a campainha de uma casa que não tinha qualquer aviso de ser uma pousada, uma janela abre e aparece o dono do hostel de pijamas... Entrei no quarto, havia lá um americano e um inglês. O inglês tinha acabado de chegar, bêbado como um gambá e ainda roncava como um porco. Ainda bem que comprei, antes de sair do Brasil, um tapa-ouvidos, praticamente deu um "Mute" no mundo, excelente.
No dia seguinte, o plano era conhecer toda a cidade e pegar o ônibus para o sul de Portugal antes das 9 horas, para isso, eu tinha que acordar no mínimo às 6 horas.
Peguei com o dono do Hostel, que apesar de sonolento foi bastante atencioso, um mapa com o roteiro medieval da cidade, e ele incluiu as duas principais atrações da cidade a Catedral da Sé (a terceira que visito em Portugal) e a Capela dos Ossos.
O roteiro é muito bem elaborado e detalhado, substitui facilmente qualquer guia. Seguindo pelo caminho, são descritos os principais destaques históricos, o que olhar e por onde seguir.
Exemplo são as casas construídas entre os arcos de um antigo aqueduto.

Ruínas de um templo romano datadas do século I, a construção foi dedicada à Augusto, o filho de Júlio César.

Por fim, já eram 9 horas, tarde demais para ir ao Sul de Portugal, o próximo ônibus era as 14h, resolvi aproveitar com calma a última e mais interessante parada do dia: a Capela dos Ossos.

O local, construído no século XVII por três monges, tinha a intenção de mostrar como a vida é transitória. Essa idéia já é explorada na entrada com a inscrição:
Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos

Entrada simpática não é?

Bem, se a intenção deles era fazer-nos respeitar um pouco mais a morte, em mim funcionou perfeitamente. Os documentos ali expostos dizem que os macabros monges precisaram esvaziar cemitérios de várias cidades vizinhas, utilizando um total estimado de 10 mil corpos. Os monges, mortos durante a invasão dos soldados de Napoleão, tiveram seus corpos sepultados nesta capela.
Fiquem com as fotos.










Amén

Sintra, o éden de montes e vales

27 de abril de 2011


Sintra é uma belíssima cidadezinha escondida entre montes. O título acima é uma alusão a Lord Byron, famoso poeta romântico britânico que, apaixonado pela cidade, a chamou de Éden Glorioso em um de seus poemas.
O hostel que estava hospedado, ao abrir a janela, tinha uma vista linda do castelo dos mouros, localizado no mais alto monte visível da cidade.
Saí de casa para pegar o ônibus para o cabo das rocas, porém cheguei um tanto atrasado e teria que esperar por quase uma hora e meia. Neste caso, preferi adiantar o passeio que faria em seguida, uma visita ao Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena.
O Castelo dos Mouros, foi construído há quase mil anos durante a ocupação islâmica de Portugal. As paredes são bem desgastadas e antigas, mais do que qualquer outro castelo que eu tenha visitado até agora. Logo na entrada, pode-se ver um grupo de arqueólogos trabalhando no local. Sintra, é uma cidade muito antiga e suas primeiras ocupações remontam entre 1000 e 800 a.C.
As muralhas do castelo

Arqueólogos trabalhando

Subindo pelas ruínas dos muros do castelo, a vista é de tirar o fôlego. Pode-se ver todo o vale em que Sintra se localiza até o oceano que está a apenas 8 km de distância.

Bem ao lado do castelo, fica o Palácio da Pena, residência de verão dos antigos reis portugueses.
A arquitetura do local é bastante interessante, uma mistura de estilos e cores tão abrangente que parece ser capaz de agradar a todos os gostos.

Dentro dele, há um museu mostrando os aposentos reais mais ou menos da forma que se esperaria encontrar se ainda houvessem reis e princesas morando por lá. O caminho por entre as salas é demarcado com paredes de acrílico além de câmeras em todos os aposentos, até mesmo os insignificantes. Não se pode tirar fotos lá dentro, e vigiado pelas câmeras faltou coragem para desafiá-los... Exceto por uma foto, a sala dos veados, bem, a foto é autoexplicativa. E não, não há nenhuma bandeira do tricolor paulista.
Foto estilo Prenda-me se for capaz

Na saída nos deparamos com a simpática escultura abaixo.


Existe também um enorme e vasto jardim, anexo a este palácio, porém não havia tempo para apreciá-lo. Meu próximo destino me aguardava.
O Cabo das Rocas é o ponto mais ocidental do continente europeu. Sua paísagem é indescritível e as fotos não fazem jus à magnificência do lugar.



O mapa do rolê de hoje foi o seguinte:

Para mais fotos, clique duplo no mapa.

Na volta, peguei um trem para Lisboa e de lá um ônibus para a linda cidade de Évora. O mapa dessa viagem foi:


A Muralha de Évora

O aquário de Lisboa

25 de abril de 2011

Devido a noitada do dia anterior, esse dia acordei tarde demais para o café da manhã que ia até as 10h. Precisei mendigar um cereal tipo Sucrilhos para a copeira do Hostel e o comi com leite quente. Não repitam isso em casa, crianças; fica intragável.

Para aquela manhã, eu havia planejado encontrar com a esposa e os filhos do Pedro. Após combinarmos por telefone, eles vieram ao meu encontro no Hostel.

Eu não esperava mais do que um almoço e algumas fotos com eles, mas o João Roberto, a Petra e a Clara (mãe deles) foram tão gentis e amáveis que reservaram a tarde inteira para me receberem em Lisboa.
Os últimos Teixeiras que eu viria a conhecer
A Clara vive em Madeira, mas estava em Lisboa para visitar os filhos, João Roberto, que estuda medicina dentária, e a Petra, que estuda Letras. A Petra eu já conhecia por um artigo sobre o turismo em Madeira de sua autoria. A revista, em que seu artigo foi publicado, era de livre circulação, por isso o seu pai, orgulhoso que só, recolheu todos os exemplares que conseguiu; um deles ficou comigo.

Eles me deram várias opções de lugares a ir, e um dos que eu não tinha conhecido bem era o Parque das Nações e o Oceanário de Lisboa. Nesses lugares eu havia apenas dado uma rapidíssima passada com um amigo brasileiro, seria ótimo portanto, uma visita um pouco mais detalhada.

O Parque das Nações é uma ampla área aterrada construída para a Exposição Mundial de 1998. O local hoje, é um enorme espaço para as famílias passearem.

Ao final de uma breve caminhada, nos dirigimos ao Oceanário. Um grande aquário forrado de belíssimas espécies de peixes e outros animais encantadores. A visita começou com a exposição "A viagem das Tartarugas" e trazia alguns belos espécimes.


Em seguida, fomos ao espaço com a exposição permanente, que possui um enorme aquário central que mistura diversas espécies de animais marinhos, e que consegue segurar a nossa atenção por horas.



Há também aquários que simulam elguns importantes oceanos como o Antátco, Índico, Atlântico e Pacífico.



Saindo do Oceanário fomos almoçar no Shopping que possui essa magnífica vista:

Depois deste belo passeio, eles me deixaram na porta do trem que me levaria até Sintra. Antes de nos despedirmos, trocamos nossos e-mails, desta forma, espero nunca mais perder contato com essa boa gente.

O roteiro de hoje:

Clique duplo para ver as fotos.

A viagem até Sintra é extremamente rápida e imediatamente ao descer do trem, já temos uma maravilhos visão do Castelo dos Mouros.
Mais sobre essa linda cidade no próximo post

O caminho da viagem foi o seguinte:

Clique duplo no mapa para mais detalhes.

Linda, loira e perigosa!

24 de abril de 2011

No último dia de ilha, não havia grandes planos. Apenas uma chamada entre o meu pai e o Pedro, seu primo e companheiro de futebol na infância. Mas os planos mudaram quando eu desci para o café da manhã e conheci uma mulher que, para a minha segurança, vou chamar de Paula. Uma mulher que parecia ter saído de um catálogo de moda: cabelos loiros, olhos azuis, alta e linda.

Começamos a conversar. Ela, médica especialista em vida saudável, veio a Madeira para curtir ferias antes de começar um novo projeto. Planejava dar uma volta pela parte norte da ilha e, como viajávamos sozinhos, perguntou-me se eu não gostaria de acompanhá-la. Esse foi um daqueles convites que por si só já seriam tentadores, porém, vindo de uma mulher como aquela, seria estupidez dizer não. A ligação do Pedro, que eu tinha imaginado fazer logo em seguida ao café, diante destas circunstâncias, acabou ficando para mais tarde, eu sabia que o Pedro entenderia.
As coisas começaram a ficar estranhas quando ela disse mais detalhes de si enquanto estávamos na estrada.
Seu esporte preferido era o tiro ao alvo, que ela praticava principalmente nas temporadas de caça e que após muita prática e experiência, lhe garantiu o a autorização de porte integral de armas de fogo. Além disso, resolveu tirar autorização para dirigir veículos pesados como caminhões tanque e tratores, habilidade importante quando ela expandisse sua fazenda. Todos esse hobbies ela praticava quando havia espaço em seus plantões médicos e na sua carreira de modelo fotográfica.
Até aí, tudo bem. Nada de mais em uma modelo, médica, agricultora e caminhoneira armada. Meu primeiro susto foi quando andando a uns 60 km/h em uma rodovia cheia de curvas e beirando precipícios, ela resolve fazer sem motivo aparente algum uma parada brusca, dessas de cantar pneu. Ela pediu desculpas pelo susto, deu uma ré e parou o carro. Ela tinha visto algumas flores exóticas e queria fotografá-las, meu coração quase saiu pela boca por uma foto de uma flor. Estaria tudo bem se isso não tivesse se repetido por mais umas três vezes.
Em uma dessas paradas inclusive, achamos uma flor que ela disse ser comestível. Resolvi pegar algumas para experimentar, mas antes, é claro, esperei ela comer a dela. Também não sou trouxa, né?
 

A flor tinha um sabor muito parecido com o de agrião.

Tudo isso não havia me preparado para o momento que descobri que ela era realmente doida. Ela dizia que as pessoas tinham que aprender a cultivar seus próprios alimentos, uma vez que o colapso mundial estava próximo, e ela estava certa disso. Além de conhecer pessoas influentes, ela sabia que o fim estava próximo porque isso estava escrito na Bíblia, esse era o motivo pelo qual ela dedicava-se na carreira da medicina da vida saudável, pois assim ela poderia ajudar as pessoas na busca pela vida eterna prometida por Deus (palavras dela, juro).

Eu, ateu que sou, não costumo evitar esse tipo de discussão, mas dadas as circunstâncias, achei melhor não contrariar. Concordava inclusive falando "sim, é claro, os sinais são claríssimos". Temia que, discordando, ela resolvesse jogar o carro no abismo com o intuito de me mostrar o reino dos céus, vai saber.

Apesar dos sustos, o passeio foi ótimo, infelizmente não foi possível dar a volta em toda a ilha, a viagem era um pouco maior do que o tempo que tínhamos nos permitia fazer.




Mais tarde naquele dia, contei com a carona da Silvia e da Sofia até o aeroporto, onde peguei o voo para Lisboa.

Chegando lá, liguei para alguns amigos que também estavam de passagem em Lisboa e fomos ao Bairro Alto tomar algumas. Ao final fomos um bar brasileiro, muito divertido. Haviam lá, várias africanas lindíssimas, o único problema é que junto com elas estavam também uns negrões boladões.

Animados com a música demos vazão à nossa criatividade artística e, após muito ensaio e suor, criamos a seguinte coreografia:

Os caminhos seguidos neste dia foram:

Clique duplo para exibir as fotos.

Mais, muito mais familiares!

Acordei cedo no sábado. Alguns dos Teixeiras da Ilha fariam um pic-nic e eu estaria lá.
A reunião aconteceu em uma belíssima casa de pedra nas montanhas da Ilha, para onde fui acompanhado das Silvias e pela Sofia, filha de uma Silvia e neta da outra Silvia, três gerações de mulheres que mostram que beleza, inteligência e bondade têm origem genética.

O dia estava um bocado frio, e constantemente o local era tomado por nuvens, o que deixava o ambiente muito mais interessante.

Neste encontro, puder ter uma ideia das complexas ramificações que a nossa árvore genealógica tinha tomado. Conheci por lá, primos de quarto, quinto graus; e, ainda melhor, vi que eles eram numerosos: neste encontro eram dezenas.
A espetada

No final deste dia, ainda encontrei forças para encarar uma balada. Peguei a dica com a Sofia de um lugar chamado Vespas. As festas por lá começam tarde, por volta das 3h. E como de costume na Europa, não se paga entrada, porém, paga-se muito bem lá dentro nas bebidas. Acabei não ficando muito, mas foi o suficiente para conhecer essa excelente balada.

A viagem foi a seguinte:

Mais fotos com um clique duplo. vale a pena ver em modo relevo a viagem pelas montanhas.

Explorando a Ilha da Madeira

Em meu segundo dia de Ilha, não havia nenhum compromisso e portanto decidi sair para explorá-la.
Como toda cidade praiana, os locais mais agitados são sempre próximos à orla, e foi por lá que decidi começar passeio na ilha. Chegando lá, a primeira coisa que se nota são os enormes cruzeiros que param por lá diariamente. Boa parte das pessoas que se encontra andando pelas ruas, são turistas trazidos por um deles. E isso é algo bastante positivo para os madeirenses, já que parte considerável de sua renda é proveniente das carteiras destes turistas.
Em seguida fui investigar o teleférico. Ele tinha duas paradas, e custava dez vezes mais do que ir de ônibus... Conclusão: fui de ônibus. Só houve um problema: peguei o ônibus errado e fui parar em um parque completamente diferente, sem problemas.
O lugar que desembarquei ficava bem no alto da ilha, com um ótimo panorama da cidade.
Resolvi descer a pé, uma descida de 9 km. Em uma descida longa dessas, por não gastarmos muita energia andando, quase não se cansa. O mais desgastante, nessas descidas, é o impacto no calcanhar e no joelho. Com isso, percebi que o tênis que eu estava usando não era próprio para caminhadas, foram aí formando-se as minhas primeiras bolhas no pé, além de uma incessante dor no calcanhar.

Quando, finalmente, cheguei à praia, resolvi sentar um pouco na beira das rochas e fiquei observando alguns banhistas nas praias rochosas e plataformas.
As melhores opções de banho em Funchal.
No caminho de volta dei uma parada no Mercado Municipal. Havia diversas opções de frutas exóticas que chamam muita a atenção. No meu caso, como sou fã de maracujá, não pude deixar de notar a variedade de maracujás esquisitos que tinha lá.

Ao final, um lanchinho na lanchonete da esquina. Detalhe importante para o fabuloso, genial e delicioso refrigerante que só existe na Ilha, o Brisa Maracujá.
Já sinto saudades
O passeio do dia:
Clique duplo para ver mais detalhes e fotos.