Sarajevo: Cicatrizes de uma guerra sem sentido.

26 de agosto de 2011


O ônibus chegou cedo em Sarajevo, comecei a conversar com um casal de dinamarqueses que estavam tão perdidos quanto eu e resolvemos sair para perguntar. Fácil falar, difícil de fazer: Ninguém lá fala inglês, e não havia nada que pudéssemos fazer para eles nos entendam, ainda mais quando estão bêbados que nem porcos. Demorou ate achar o primeiro que nos ajudasse, insistimos que queríamos ir andando e ele dizia que era melhor não... ninguém deu ouvidos, fomos a pé seguindo a linha do trolebus. Andamos uns 5 kilometros até desistir e pegarmos o primeiro trolebus que não nos cobrou. Posteriormente descobrimos que a distância era de uns 11 km, impraticável com uma mochila nas costas, o bêubo da rodoviária estava certo.

Chegando no centro da cidade achamos um hostel que não era lá essas coisas de caro e todos estavam muito interessados em cair no sono, a opção mais barata era ficarmos nós três no mesmo quarto, o que me fez sentir um pouco estranho afinal eles eram um casal com um terceiro no quarto.

Acordamos em horários diferentes e acabamos seguindo caminhos diferentes. No final passamos apenas uma noite juntos, não peguei o contato deles, então sabíamos que não nos veríamos nunca mais.
No intervalo fui dar uma volta na cidade. Era extremamente comum encontrar buracos nas paredes, o motivo era a Guerra que aconteceu há uns 15 anos. Quando a cidade foi cercada por tropas da Sérvia por quase três anos. Uma barbaridade medieval.


A cidade em si é bastante turística e oferece aos visitantes uma série de atrações que vão desde gastronomia city tours focados nos tempos de guerra. No meu caso acabei ficando apenas com o city tour gratuito que por si só foi bem interessante.
Manchas deixadas para lembrar do sangue de inocentes derramado no local.




Mais tarde, fui ver o pôr do sol no alto de um monte. Lá estava acontecendo algum tipo de evento que eu não estava entendendo direito. Quando aconteceu o por do sol, houve lançamento de fogos de artifícios e ao mesmo tempo que se iniciavam as orações noturnas. Mais tarde descobri que isso acontecia por causa do ramadã, e aqueles fogos marcavam o final do jejum diário dos muçulmanos.




Acabei trocando de hostel para um mais bem organizado e equipado, um excelente hostel.
De noite, fiquei de papo com um grupo de várias pessoas nativas de países de língua inglesa e me surpreendi pelo fato de não ter perdido muito o assunto. O único detalhe é que sendo o único não nativo em um grande grupo desses é um pouco intimidador, mas nada que uma garrafa ou duas de cerveja não resolva.

No dia seguinte fui até o museu do túnel que era a única ligação da cidade de Sarajevo com o mundo na época que a cidade estava cercada. O museu é bem simples, mas tinha um trecho do túnel que podíamos passar por dentro. E ao fazê-lo senti uma certa sensação de estranheza e lamento pelo tipo de coisa que as pessoas precisam passar por causa de guerras sem sentido.



Mais à noite, segui para a rodoviária onde seguiria viagem para Belgrado, capital da Sérvia. Enquanto aguardava o horário, acabei de papo com uma coreana (elas me perseguem) muito simpática e de um charme memorável. Ela não tinha reservado hostel por lá e acabamos combinando de procurar um juntos.

O ônibus seguiu viagem e chegando na fronteira surpresa: brasileiros precisam de visto e como eu não o tinha eu teria que voltar. Fiquei muito puto, afinal tinha lido uma notícia na folha dizendo que vistos não eram mais necessários (obrigado Folha de São Pulo, na próxima vez lembre de citar que o acordo ainda precisa ser aprovado nos congressos de ambos os países). Conclusão: acabei pegando carona em um outro ônibus de volta para Sarajevo e adeus coreana gracinha.

Nem fui atrás de outro Hostel, fiquei zanzando o dia inteiro com a mochila. Primeiro fui na embaixada da Sérvia tentar tirar um visto. O segurança me fez deixar a mala na rua. Chegando no balcão, surpresa (é foram várias no mesmo dia): o visto leva mais de um mês para sair e ainda custava uma bela grana. Só podia ser palhaçada, disse adeus às minha intenções de conhecer a Sérvia.

Bom, se eu não podia ir para a Sérvia, o único caminho possível seria contornar a Sérvia pelo sul. Montenegro seria mais uma vez o meu destino, mas dessa vez a intenção era ir só de passagem, mas meus planos mudariam graças a uma grande pessoa que conheci na rodoviária.


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