Encontrei o Tom em um bar/restaurante na beira da estrada próximo ao Museu Viking em Borg. Ele chegou dizendo que era músico e que iria tocar naquela noite naquele mesmo bar e que eu tinha que ficar. Meu plano era seguir viagem e não tava muito a fim de acampar por ali. Mas ele insistiu, o show ia ser demais, várias mulheres e além disso, ele tinha cerveja aos montes em seu próprio ônibus. Bem, esse foi um excelente argumento, resolvi ficar.
Chegando lá, conheci um monte de gente que o acompanhava. A Lena, uma mulher que quase não abria a boca. A Marthe, filha do Tom, que falava aos montes, menos comigo, a desculpa era que não falava inglês, OK. O Kato, que era muito gente fina, mas bebia muito além de usar aquelas paradas de tabaco nojentes. Por fim conheci o Lemart, parceiro musical do Tom, parceirão de papo.
O Tom parece que curtia ajudar viajantes, disse que no passado ficou com um casal de Israel por quase 15 dias, e os conheceu do mesmo jeito que eu, na estrada.
A dupla Tom & Lemart fazem shows aos montes. O Lemart toca violão e guitarra enquanto o Tom canta, toca baixo, lança os samplers, organiza shows e ainda pega mulher aos montes no tempo livre.
O show daquela noite foi bastante divertido, ficamos de papo no bar com um monte de gente. A curiosidade geral era saber o que um brasileiro fazia naquele fim de mundo. Dormi no ônibus e no dia seguinte o programa era guardar os equipamentos, andar 20 km com o ônibus e montar todo o equipamento novamente para o outro show.
O Tom comentou que haveria três shows no próximo final de semana e que se eu quisesse poderia ficar hospedado em sua casa até lá. Ah, detalhe, o último show seria para um grupo de 300 mulheres que escalariam uma montanha próxima. Impossível dizer não.
Naquele dia o momento mais interessante foi ver o Kato brigando com um cara que tava pegando a Marthe, filha do Tom e sua ex-namorada. No final, o Kato que estava bebaço levou a pior e ganhou um corte sangrento no rosto.
No dia seguinte, pé na estrada para Sortland, uma cidade localizada em uma ilha próxima a Lofoten. A cidade não tem muito a oferecer para turistas, então boa parte do programa daquela semana era ir ao bar tomar umas cervejas, que aliás eram caríssimas, cada uma por volta de 5 €.
Sim, os bares tem cobertores para segurar o frio...
Não canso de lembrar da paisagem belíssima da Noruega, com suas montanhas enormes. Vale lembrar que ao contrário dos dias em Lofoten, o clima estava muito bom, céu azul e um baita calorão (padrões Noruegueses, claro).
O Tom mora sozinho, mas sozinho em casa, pelo visto ele não fica nunca. Toda hora tinha gente por lá, fazendo churras, bebendo cerveja e fazendo festa.
Outro programão que fizemos algumas vezes era ir à casa de campo do Tom e de sua família. Lá encontrávamos o pai do Tom, um senhor muito simpático cujo o papo interessante me fez acompanhá-lo na bebida o que teve consequências desastrosas. Além dele, estava sempre por lá o filho do Tom, um garoto de 11 anos muito esperto.
O destaque para o primeiro dia por lá foi a pescaria. Eles possuem um barco adaptado para pesca, minha última tentativa de pesca com a Jy foi um desastre, então essa, com profissionais, tinha que funcionar. E funcionou, pesquei pelo menos uns cinco peixões que naquela noite viraram janta, servidos com batata. Excelente.
O dias na Noruega passavam rápido dada toda a diversão que tinha por lá. Mas havia uma coisa me incomodando: o visto Europeu.
Na Europa, brasileiros podem permanecer por até 90 dias. Quando me dei conta da situação delicada que me encontrava faltavam apenas 7 dias para o vencimento do meu visto. Procurando pela internet, não há muita referência ao que pode acontecer no caso de ultrapassar esse limite, parece depender muito do oficial que me pegar na saída, pode não acontecer nada, posso ser banido da Europa e não poder nunca mais voltar. Na dúvida, decidi por não ultrapassar o limite, comprei o tíquete mais barato possível para fora da área de Schengen (zona de livre fronteiras) o país escolhido foi a Croácia, paguei 58 € pelo bilhete.
A despedida do Tom foi bastante legal. Ele fez um excelente bacalhau, bebemos várias, caminhamos com toda uma galera para um acampamento no alto da montanha e ficamos de papo até umas 3 horas e pouco da manhã quando eu ganharia uma carona da gentilíssima Rita até o aeroporto.
Bacalhau e Periquita!
O caminho até o aeroporto foi marcado por um nevoeiro muito bonito.
A próxima parada antes de seguir para a Croácia seria Oslo, palco de uma chacina alguns dias antes. Eu já poderia esperar uma cidade com uma atmosfera pesada e foi exatamente isso o que encontrei.
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