Os estudantes de Aarhus

13 de março de 2012



Quando saí de sua casa após o natal na Alemanha, eu não esperava encontrar mais o Fred nesta viagem. Recebi, porém  uma mensagem dele falando que estaria de volta a Aarhus dali a dois dias, eu estava ainda em Gothemburg na Suécia, há poucas horas dali, dizer não já seria difícil, mas considerando ainda que se tratava de uma cidade universitária com estudantes de todo o mundo, bem, dizer não se tornou impossível.

A viagem de barco durou pouco mais de 4 horas, cheguei à cidade de Grenå em um porto que ficava para lá de isolado, assim, a melhor opção seria seguir de caronas. Coloquei-me na estrada e esquema padrão, bandeira do Brasil, plaquinha, polegar para cima e sorriso no rosto, mal deu tempo de montar todo este esquema e já parou um caminhão. Dentro um simpático senhor que estava transportando equipamentos eletrônicos do porto até um antigo depósito militar, depois seguiria até Aarhus, onde morava e também o meu destino.

O depósito, que outrora foi um hangar para aviões, parecia coisa de filme. A começar pela entrada, uma porta pesada feita de concreto, provavelmente resistente a até bombas atômicas, foi aberta pelo simpático velhinho, que estava super animado pela minha companhia. A porta ao ser aberta virava o chão por onde o caminhão passava, uma coisa realmente impressionante.

Feito o desembarque, seguimos viagem, disse o endereço à ele, e ele acabou me deixando na porta da casa do Fred, ao nos despedirmos, ele me deu umas dez caixinhas de uma bala com sabor esquisito extremamente comum nos países nórdicos.

Liguei para o Fred e poucos segundos depois ouvi sua voz me chamando pela janela da casa imediatamente ao meu lado. Saudamo-nos com um grande abraço, ao lado dele, uma de suas companheiras de moradia, uma estudante da Eslovênia que o que tinha de beleza lhe faltava em simpatia.

O Fred, como lhe era característico, sentia-se responsável para que a minha estadia fosse a melhor possível, sendo, portanto, um guia de primeira. Foi só o tempo de deixar as malas e saímos para caminhar pela cidade que de fato não tinha tantos atrativos ou o Fred, por não estar tão familiarizado, não os conhecia.

Primeiro fui trocar os últimos Euros que me restavam e com eles passamos no McDonalds para uns sanduiches baratos.

Mais tarde conheci os outros estudantes que moravam com o Fred, as que interagi mais foram duas delas, da Espanha e de Luxemburgo. Havia também um estudante Finlandês, Erick, que me ajudou a comprar o bilhete de balsa em uma página Sueca, além de dois novatos, um francês, que pouco falava com o pessoal e um indiano que acabara de chegar e era um bocado esquisito.

No dia seguinte fui com o Fred a uma aula, o tema era metodologia de pesquisa em jornalismo, tema interessante, mas eu tinha maiores distrações no momento, assim, fiquei navegando na internet e atualizando o Blog, que naquela época estava ainda mais atrasado do que agora.

No outro dia fomos a uma partida de futebol, eram três contra três. Eu que nunca fui muito com futebol, estava achando que seria humilhado, mas até que não foi tão ruim, na verdade fui o artilheiro do meu time e a partida foi bastante disputada. Aliás, práticas esportivas são interessantes do ponto de vista fisiológico, chega um momento em que achamos que vamos morrer e que se dermos mais um passo o coração para, mas o mais interessante é que em mais alguns minutos, o corpo se habitua à situação de stress e o cansaço não faz mais tanta diferença, fazendo parecer que podemos aguentar a prática por dias. Ainda assim, não vejo a prática esportiva como rotineira em minha vida.


O detalhe mais importante desta partida foi o frio de rachar, estava -1°C naquele dia, havia gelo na grama ao lado.

Naquela noite rolou uma festa com a turma do programa de mestrado, cada um levava um prato típico de seu país, o Fred, claro, levou cerveja (o que é mais tradicional na Alemanha?). O destaque foi uma salada de bacalhau que uma colega portuguesa levou! Dá-lhe Portugal. Saindo de lá, fomos a uma balada no bar universitário, a minha maior distração foi o Karaoke que tinha lá com várias músicas legais, soltei o gogó com Toxicity do System of a Down. Seguimos para a casa de uma amiga e era uma longa caminhada, dei muita risada com a Ana, uma espanhola pequenininha e muito, muito divertida.

No dia seguinte, fui com o Fred no museu de Aarhus, que se destacava por algumas obras sinestésicas, onde se mistura música, imagem, aromas, cores; tudo muito interessante. A mais especial era a sala de fumaça, onde havia uma névoa densa onde mal podia-se ver a distância de 1 metro, as fotos são praticamente inúteis, mas dá para se ter uma ideia da sensação de estar sozinho no universo em um espaço branco onde mal se veem seus próprios pés.









No dia seguinte, resolvi ajudar o Fred a se integrar mais com pessoas de Aarhus, para isso decidi usar o CouchSurfing, escrevi algumas mensagens para várias pessoas e quem acabou respondendo foi a Katarina, uma estudante de cultura e língua indiana, marcamos e o Fred, vacilão, não pode ir, pois tinha aula no dia seguinte, fui encontra-la sozinho e foi um bate-papo bastante interessante, onde peguei várias dicas de lugares e modos da Índia.

Katarina e uns bêbados chatos que apareceram

No dia seguinte, segui viagem. Saí um pouco atrasado e tive que correr para pegar o trem, na saída do ônibus, peguei informação com um cara super gente fina que além de me informar ainda correu comigo até o trem e me ajudou com a compra do bilhete. Ainda existem pessoas boas no mundo.

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